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sábado, 10 maio, 2025
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Por que aposta no Oriente faz Lula chegar à China cercado de expectativas – CartaCapital

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Depois de participar do “Dia da Vitória”, emblemática comemoração russa da vitória soviética sobre as tropas nazistas, o presidente Lula (PT) parte para a China, onde terá seu terceiro encontro de Estado com o presidente Xi Jinping neste terceiro mandato.

O governo espera trazer na bagagem acordos bilaterais assinados com o seu principal parceiro comercial. Para isso, enviou uma extensa comitiva, incluindo a ministra do Planejamento, Simone Tebet; o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e o chanceler Mauro Vieira. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também está na lista.

É um reflexo “da densidade da relação” Brasil-China, segundo o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo Paes Saboia. 

“Existe uma força-tarefa, coordenada em uma parte pelo ministro Rui Costa [Casa Civil] e em outra parte com o Ministério da Fazenda e o Banco Central”, declarou. “Há uma mobilização de toda a Esplanada para intensificar essa relação com a China no campo da infraestrutura, das finanças e de ciência, tecnologia e inovação.”

Ele apontou que o Brasil pretende atrair investimentos chineses para projetos de industrialização, capacitação tecnológica e transição energética.

O palco para essas tratativas será o Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), a partir da próxima segunda-feira 12, em Pequim. Lula e Xi Jinping tendem a fazer uma declaração conjunta, e temas como o multilateralismo, a defesa da paz frente aos conflitos no mundo e a reforma das instituições de governança global devem estar na pauta.

“Queremos diversificar a nossa relação, a nossa pauta exportadora para a China, e diversificar os investimentos e as parcerias”, acrescentou Saboia.

Guerra comercial

Ciente de que a ofensiva do presidente Donald Trump redefine as peças no xadrez comercial, o governo brasileiro tem apostado em um tom conciliador. No geral, porém, as críticas são mais duras em relação a Washington, com sinais mais favoráveis a Pequim.

“O Brasil e a China têm uma agenda muito mais ampla do que as considerações de um conjuntura, que obviamente preocupa”, explicou Saboia. Segundo ele, o País também preza por sua relação com Washington e não há contradição nos diálogos promovidos com a China.

Lula se soma a outras lideranças internacionais ao mostrar sua preocupação com a postura comercial agressiva de Trump, mas repete sua estratégia diante de grandes tensões externas: evita se comprometer totalmente com um dos lados. 

A neutralidade, por sua vez, nem sempre dá o tom. Nesta semana, em entrevista publicada pela norte-americana New Yorker, Lula não escondeu o seu apreço pelo avanço tecnológico e econômico de Pequim: “Graças a Deus que temos a China, que, do ponto de vista tecnológico, é muito avançada e pode competir no mundo tecnológico da inteligência artificial, dando-nos uma alternativa para este debate”.

Pequim de olho na soja brasileira

Também nesta semana, antes da viagem de Lula, a agência Reuters mostrou que a China decidiu retomar os embarques de soja brasileira de cinco empresas que haviam sido suspensas por questões fitossanitárias. A liberação ocorre em um momento em que as tarifas adotadas por Trump afastam a China dos produtores de soja norte-americanos.

Juntos, esses ingredientes fazem da viagem à China a mais aguardada deste terceiro governo de Lula. Segundo o Itamaraty, espera-se que outros 32 atos se convertam em acordos, o que viabilizaria uma bagagem cheia para o retorno ao Brasil.



Por:Carta Capital

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