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terça-feira, 29 abril, 2025
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Nuvem molecular gigante é descoberta perto da Terra

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Um artigo publicado nesta segunda-feira (28) na revista Nature Astronomy revela a descoberta de uma enorme nuvem molecular invisível surpreendentemente próxima da Terra. Chamado de Eos, em homenagem à deusa grega do amanhecer, esse gigante gasoso poderia parecer imenso no céu se pudesse ser visto a olho nu.

Segundo os pesquisadores, a nuvem mede o equivalente a 40 luas cheias e pesa cerca de 3.400 vezes a massa do Sol.

Descobrir Eos foi uma surpresa para a comunidade científica, já que ela estava praticamente no “quintal cósmico” da Terra, mas havia passado despercebida. “Normalmente, para enxergar o que não víamos antes, usamos telescópios mais potentes para detectar objetos distantes”, explicou Thomas Haworth, astrofísico da Universidade Queen Mary, de Londres, na Inglaterra, em um comunicado. “Mas, nesse caso, era algo enorme e perto, e mesmo assim não tínhamos notado”.

Eos: Discovery of the Nearest CO Dark Molecular Cloud to the Sun

O que é uma nuvem molecular

As nuvens moleculares são formadas por gás e poeira e são berçários de estrelas e planetas. Dentro dessas nuvens, o gás pode se aglutinar e colapsar, iniciando o nascimento de novas estrelas. Geralmente, os cientistas encontram essas nuvens observando o brilho do monóxido de carbono, que emite luz detectável em ondas de rádio e infravermelho.

No entanto, Eos é diferente: ela contém pouquíssimo monóxido de carbono e, por isso, não emite os sinais usuais captados pelos métodos tradicionais. A descoberta foi possível porque os astrônomos usaram uma nova abordagem, observando a luz ultravioleta emitida pelo hidrogênio presente na nuvem. “A chave foi olhar com outro tipo de luz”, revelou Haworth.

Os dados que levaram à descoberta vieram de um instrumento chamado FIMS-SPEAR, um espectrógrafo ultravioleta instalado no satélite coreano STSAT-1. Esses dados foram liberados publicamente em 2023 e detectados pelo pesquisador Blakesley Burkhart, da Rutgers School of Arts and Sciences. O espectrógrafo funciona de maneira parecida com um prisma, separando a luz ultravioleta em diferentes cores para análise.

“Esta é a primeira vez que uma nuvem molecular é descoberta usando diretamente a emissão ultravioleta distante do hidrogênio”, afirmou Burkhart. Segundo ele, os dados mostraram o brilho das moléculas de hidrogênio, que fluorescem no ultravioleta, como se Eos estivesse “brilhando no escuro”.

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Descoberta revela “bunker” escondido próximo à Terra

A proximidade de Eos com a Terra representa uma oportunidade rara para entender melhor como estrelas e sistemas solares, como o nosso, se formam. Burkhart destacou que agora será possível estudar diretamente como essas nuvens de gás se juntam ou se desfazem, revelando os primeiros passos da criação de novos mundos.

Antes da descoberta de Eos, os cientistas acreditavam que conheciam todas as nuvens moleculares a uma distância de até 1.600 anos-luz do Sol. Por isso, encontrá-la a apenas 300 anos-luz foi uma enorme surpresa. “É intrigante como algo tão grande pôde ficar escondido por tanto tempo”, comentou Melissa McClure, astrônoma da Universidade de Leiden, na Holanda.

Ela comparou a situação a descobrir que um terreno baldio no seu bairro esconde um enorme bunker subterrâneo. Para os astrônomos, Eos é agora uma nova janela para investigar as origens do Sistema Solar.




Fonte: Olhar Digital

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