O presidente Lula (PT) iniciará, em maio, um importante giro geopolítico que passará por China e Rússia. A informação foi divulgada pelo Itamaraty nesta terça-feira 22.
A viagem contrasta com o discurso de Lula de não tomar partido na guerra comercial e política liderada pelos Estados Unidos, repetido pelo petista horas antes da confirmação das agendas internacionais. “Eu não quero fazer opção entre Estados Unidos ou China. Eu quero ter relações com os Estados Unidos e quero ter relação com a China”, resumiu ao lado do chileno Gabriel Boric, em Brasília. “Eu quero vender e comprar, vender e comprar, vender e comprar, fazer parceria”, seguiu o petista
Na China, Lula deve participar do encontro entre representantes de países da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com o presidente Xi Jinping. Ainda que o petista levante a bandeira da neutralidade frente ao embate entre os EUA e a China, os últimos sinais dados publicamente por Lula mostram uma abordagem mais afável a Pequim do que a Washington.
Nesta terça, ao defender a integração entre países latino-americanos, Lula disse que “depois de construir a riqueza norte-americana, agora aparece um presidente que trata os latino-americanos como inimigos”, em clara referência ao presidente Donald Trump. Antes, ele já tinha se queixado do fato de que o republicano não teria sido eleito “para governar o mundo“.
Principal parceiro comercial
A relação com a China é cercada de cuidado por um motivo elementar: o país chefiado por Xi Jinping é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, quando assumiu um posto que era ocupado pelos Estados Unidos.
Mais recentemente, a corrente de comércio entre Brasil e China alcançou 38,8 bilhões de dólares (entre janeiro e março de 2025), dividindo-se da seguinte maneira: 19,8 bilhões de dólares em exportações brasileiras e 19 bilhões de dólares em importações de produtos da China. Nos primeiros três meses do ano, a importação de itens vindos da China subiu 35% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Pelo menos até agora, a intensificação do comércio brasileiro com a China não se deu em detrimento das relações comerciais com os EUA. Pelo contrário. No primeiro trimestre deste ano, o Brasil exportou 9,7 bilhões de dólares para os EUA, enquanto importou 10,3 bilhões de dólares. Ao contrário da relação comercial com a China, a balança comercial brasileira com os EUA é deficitária.
Com esses números em mente, Lula viaja à China entre os dias 12 e 13 de maio. A expectativa é que novos acordos comerciais sejam fechados, e há tratativas para o aumento de investimentos em obras de infraestrutura.
Guerra na Ucrânia
Antes disso, Lula fará uma passagem em Moscou, o primeiro destino da viagem, entre os dias 8, 9 e 10 de maio. Por lá, o mandatário brasileiro deve dedicar a agenda a um outro tema de peso da política internacional: a guerra na Ucrânia. Antes mesmo de o Itamaraty confirmar as datas da viagem do próximo mês, Lula já disse que quer aproveitar a ida para discutir o conflito entre russos e ucranianos.
Além disso, Lula vai participar da cerimônia de 80 anos do chamado ‘Dia da Vitória’, que faz referência à vitória das tropas russas contra o exército alemão de Adolf Hitler. O episódio representou o acontecimento mais determinante para o fim da II Guerra Mundial.
Por:Carta Capital