A primeira-dama do Brasil, Rosângela “Janja” Lula da Silva, leva a uma cúpula internacional de combate à má nutrição em Paris a experiência brasileira de enfrentamento da fome e da pobreza. Ela representa o governo brasileiro no evento, enquanto o presidente Lula segue em viagem oficial no Vietnã, depois de uma passagem pelo Japão.
“Eu iria acompanhar o presidente Lula no Vietnã, mas o presidente Macron ligou e fez questão que eu estivesse presente aqui”, explicou. “Gostando ou não, eu tenho feito da Aliança Global contra a Fome a a Pobreza também uma causa minha, não só do presidente Lula. Eu trouxe para mim e para as mulheres, a quem eu acho que é importante falar.”
Janja explicou que, nos encontros internacionais, tem buscado mobilizar as primeiras-damas sobre o combate à fome e à má nutrição, temas da cúpula realizada em Paris. Este foi um dos assuntos que ela abordou com a francesa Brigitte Macron, em um almoço oferecido pela anfitriã no Palácio do Eliseu, nesta quinta-feira 27.
“Também vou convidá-la para a COP, já que ela não pôde estar com a gente naquela visita do presidente Macron a Belém”, antecipou a esposa de Lula, em conversa com jornalistas à margem da cúpula.
Parceiro na organização da N4G, o Brasil não trouxe aporte de recursos, mas sim a sua expertise com programas como o Bolsa Família ou de alimentação escolar, que beneficia 40 milhões de crianças no país.
“Quando a gente fala de programas estruturantes, mais do que falar em reeleição, a gente está falando em desenvolvimento do Brasil. De o Brasil ser um grande modelo, um exemplo para o mundo de programas estruturantes que dão uma vida mais digna para a população brasileira e que podem dar resultados em outros países”, explicou a primeira-dama. “Não é uma questão de desenvolver programas visando eleição ou reeleição.”
Janja respondeu às críticas de que o governo não renova os seus programas sociais, alegando que “eles foram descontinuados nos últimos anos, por isso estão sendo retomados com tanta força”.
Conscientização ambiental do agronegócio
A primeira-dama também defendeu mudanças no modelo de produção agroalimentar brasileira à luz da crise climática, para práticas mais sustentáveis. “O convencimento do agronegócio de que ele tem sua importância, mas ele também precisa olhar para a questão das mudanças climáticas, é o nosso maior desafio. O mundo que vivemos não vai suportar mais o modelo de grande produção de alimentos”, alegou.
Para a primeira-dama, o aumento dos investimentos dos estados em pequenos e médios agricultores é um dos caminhos para o Brasil equilibrar a produção agrícola com a proteção do meio ambiente. “E óbvio, a gente precisa do apoio e da conscientização do agronegócio, do grande produtor, que continua, tem a sua importância, mas também precisa entender que o comprometimento com o meio ambiente, contra o desmatamento, com a proteção das nossas florestas, é importante”, detalhou. “Isso tem mudado pouco a pouco.”
Negociações sobre a Ucrânia esvaziam cúpula
Jana confirmou a presença em mais dois eventos na capital francesa: uma recepção no Ministério das Relações Exteriores das autoridades e membros do setor privado convidados para a cúpula, e um evento paralelo promovido na embaixada do Brasil em Paris, na tarde de sexta-feira. A volta de Janja para o Brasil está prevista para o sábado de manhã.
O evento Nutrição para o Crescimento (N4G) tem se repetido a quatro anos nas cidades-sede de Jogos Olímpicos – à exceção do Brasil que, depois das Olimpíadas do Rio, em 2016, abriu mão de realizá-lo. Em Paris, a cúpula também acabou esvaziada, em meio a diálogos de alto nível sobre a guerra na Ucrânia, presididos pelo líder francês, Emannuel Macron, nestas mesmas datas.
O chefe de Estado recebe cerca de 30 dirigentes de países aliados da Ucrânia, com a presença do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, do premiê britânico, Keir Starmer, do polonês Donald Tusk e do secretário-geral da Otan, Mark Rutte.
Por:Carta Capital