País irá liderar a primeira expedição científica da história com planejamento de compensação de todas as emissões de carbono

O Brasil se prepara para fazer história. A próxima missão brasileira à Antártida será a primeira expedição científica da história ao continente realizada com planejamento de compensação de todas as emissões de carbono.
A preparação para este trabalho envolve pesquisas multidisciplinares para calcular com precisão a pegada de carbono deixada por todas as etapas da missão. Além disso, serão adotadas medidas para diminuir as emissões de poluentes e remediar impactos inevitáveis.

Presença humana na região pode acelerar o derretimento de gelo
- As missões científicas à Antártida se tornaram comuns nas últimas décadas.
- Apesar de serem fundamentais para a nossa compreensão sobre o planeta, estes trabalhos podem causar prejuízos ambientais.
- Evidências apontam que estas viagens causam impactos sobre a criosfera polar e seu ambiente terrestre.
- Foram identificados aerossóis de carbono negro (um tipo de fuligem) e microplásticos na superfície de geleiras, mantos e plataformas de gelo.
- Tudo isso acelera o processo de derretimento da neve e do gelo da região, ameaçando diversos ecossistemas.
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Emissões devem totalizar cerca de nove toneladas de CO2e
A missão brasileira está prevista para ocorrer entre o final de 2025 e o início de 2026. Ela será composta por quatro pesquisadores e é liderada pela equipe do projeto Criosfera 1, que faz parte do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). A previsão é as emissões geradas totalizem cerca de nove toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e).
Em artigo publicado no The Conversation, Heitor Evangelista da Silva, coordenador científico do Criosfera 1 e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), apontou que os cálculos levaram em conta o consumo de combustíveis fósseis em todas as etapas da missão. Além disso, foram consideradas as emissões indiretas, como o uso de energia nas acomodações, o impacto das estadias temporárias nos acampamentos logísticos e a geração de resíduos sólidos, além de outras fontes associadas à presença humana em ambientes extremos.

Durante a estadia no Laboratório Criosfera 1, os pesquisadores brasileiros não utilizam nenhuma fonte de combustível fóssil, empregando apenas tecnologias baseadas em energia solar e eólica. No entanto, o transporte envolve aviões comerciais (de grande e pequeno porte), aviões cargueiros como o Ilyushin IL-26 e o KC-390 Millennium, um navio de pesquisa polar da Marinha Brasileira e um trator de neve, usado para preparar a pista no laboratório na Antártica.
Heitor Evangelista da Silva, coordenador científico do Criosfera 1 e professor da UERJ
Com base nesses dados, diversas medidas de mitigação estão sendo preparadas. Uma delas é o reflorestamento de 200 exemplares de espécies nativas da Mata Atlântica, em áreas desmatadas do estado do Rio de Janeiro. Essa estratégia é conhecida como “captura equivalente de carbono” e visa compensar as emissões inevitáveis geradas pela missão à Antártida.

Colaboração para o Olhar Digital
Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.
Fonte: Olhar Digital