O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa sentou-se em silêncio constrangedor no Salão Oval, nesta quarta-feira (21), enquanto ouvia um vídeo exibido pelo presidente Donald Trump que incluía um clipe do político da oposição Julius Malema gritando “Dubul ‘ibhunu”, uma frase em zulu que significa “Mate o bôer”.
Os africâneres, também conhecidos como bôeres, são descendentes de colonos holandeses predominantemente brancos na África do Sul. Um governo discriminatório de apartheid liderado por africâneres perdeu o poder em meados da década de 1990.
Malema, que foi expulso do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (CNA), há mais de uma década, lidera o partido Combatentes pela Liberdade Econômica (EFF).
A música que Malema cantava no vídeo exibido por Trump surgiu pela primeira vez na década de 1980 para protestar contra o apartheid, que desapropriava à força os negros sul-africanos de suas terras em benefício dos brancos.
A música se tornou popular novamente pelo político radical e seu partido de esquerda EFF.
O grupo de defesa dos africâneres AfriForum acusou o grupo de instigar a violência contra os sul-africanos brancos.
A frase já havia sido descrita como uma forma de discurso de ódio por um tribunal sul-africano em 2010. No entanto, essa decisão foi anulada em 2022 e, em março, o Tribunal Constitucional da África do Sul reafirmou a decisão de 2022, dizendo que as palavras da música não deveriam ser interpretadas literalmente.
A desigualdade persistente na África do Sul deu origem, em parte, a partidos populistas como o EFF, que ajudaram a impulsionar a agenda de expropriação de terras no país.
Fonte: CNN Brasil