As tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump causaram um impacto em financeiro para muitos países, mas especialmente para os Estados Unidos. A lista de empresas que anunciaram mudanças de preços como resultado disso é igualmente assustadora.
Entre as taxas anunciadas estão a cobrança de 10% para a maioria das importações e uma tarifa de 30% para a maioria dos produtos chineses. Alguns produtos, como aço e alumínio, enfrentam taxações ainda mais altas.
Em meio a esse cenário, algumas varejistas alertaram que não vão “comer” os custos adicionais causados por esses impostos de importação, ao contrário do que Trump sugeriu. Isso significa que qualquer novo produto, de mantimentos e roupas a brinquedos e carros, poderá custar mais aos americanos.
O Walmart é um dos grandes varejistas que disse que venderá produtos mais caros em breve, argumentando que as tarifas de Trump são “muito altas”. Empresas que também sinalizaram que podem aumentar os preços em breve incluem Ford, Subaru e Best Buy.
Veja abaixo algumas das empresas que podem elevar os preços de itens do dia a dia, independentemente de estarem ou não culpando diretamente as tarifas de Trump:
Walmart
O Walmart anunciou em 15 de abril que aumentaria os preços em razão das tarifas “muito altas” estabelecidas pelo presidente dos EUA, principalmente quando se tratava de produtos fabricados na China.
“Faremos o possível para manter nossos preços o mais baixo possível. Mas, dada a magnitude das tarifas, mesmo com os níveis reduzidos anunciados nesta semana, não conseguimos absorver toda a pressão, dada a realidade das margens estreitas no varejo”, disse na ocasião o CEO do Walmart, Douglas McMillon, em uma teleconferência de resultados.
As mudanças de preços no Walmart provavelmente entrarão em vigor no fim de maio e os preços aumentarão “muito mais” em junho, segundo o diretor financeiro da empresa, John David Rainey, em entrevistra à CNBC.
Mattel
Em 6 de maio, a gigante fabricante de brinquedos Mattel anunciou que aumentaria os preços também devido às tarifas.
O presidente-executivo, Ynon Kreiz, disse aos investidores que, “nos cenários atuais que estamos considerando”, espera que 40% a 50% de seus produtos permaneçam com preços de US$ 20 ou menos. No entanto, ele também defendeu tarifas zero para brinquedos e jogos em todo o mundo.
Trump ameaçou a Mattel, dizendo que “imporia uma tarifa de 100% sobre seus brinquedos e que não venderia nenhum brinquedo nos Estados Unidos, que é seu maior mercado”.
Best Buy
A varejista de eletrônicos Best Buy alertou durante uma teleconferência de resultados, ainda em março, que “os fornecedores de todo o nosso sortimento repassarão parte dos custos tarifários aos varejistas, tornando os aumentos de preços para os consumidores americanos altamente prováveis”.
Alguns componentes e dispositivos eletrônicos estão temporariamente isentos das tarifas de Trump — mas isso não vai durar para sempre.
A Nintendo, por exemplo, adiou a data de pré-venda do seu console de videogame Switch 2 devido a preocupações com tarifas. Posteriormente, a empresa afirmou que o preço do console não mudará dos US$ 450 iniciais, mas os acessórios “sofrerão ajustes de preço em relação aos anunciados em 2 de abril devido a mudanças nas condições de mercado”. O mesmo pode acontecer com qualquer produto por conta disso, observou a empresa.
Enquanto isso, Lin Tao, CFO da Sony, fabricante do PlayStation, disse que a empresa pode elevar os preços durante uma teleconferência de resultados.
Shein e Temu
As varejistas chinesas Shein e Temu já foram amplamente isentas de tarifas por remessas de mercadorias com valor inferior a US$ 800. Mas Trump assinou um decreto revogando a isenção.
“Devido às recentes mudanças nas regras e tarifas comerciais globais, nossas despesas operacionais aumentaram. Para continuar oferecendo os produtos que você adora sem comprometer a qualidade, faremos ajustes de preços a partir de 25 de abril de 2025”, escreveu Temu em um aviso semelhante ao anúncio feito pela Shein.
As duas empresas aumentaram os preços de alguns produtos desde então.
Por exemplo, duas cadeiras de jardim anunciadas no Temu e avaliadas pela CNN custavam US$ 61,72 em 24 de abril. No dia seguinte, quando as mudanças de preço entraram em vigor, elas estavam anunciadas a US$ 70,17. Em relação à Shein, a CNN apurou que um conjunto de maiô custava US$ 4,39. No dia seguinte, custava US$ 8,39, um aumento de 91%.
Ford e Subaru
Carros importados foram atingidos por uma tarifa de 25% e a maioria das peças automotivas enfrenta um imposto semelhante, embora algumas montadoras possam solicitar reembolsos parciais — por enquanto.
A diretora financeira da Ford, Sherry House, disse que espera aumentar os preços dos carros nos EUA em até 1,5% no segundo semestre de 2025 devido às tarifas.
A montadora estendeu sua oferta de “preços para funcionários” até julho, enquanto os consumidores corriam para comprar carros antes das tarifas de Trump.
Já a montadora japonesa Subaru afirmou que aumentará os preços nos EUA para “compensar o aumento de custos”, citando “as atuais condições de mercado”. A Subaru não especificou quanto os preços poderiam aumentar.
“As mudanças foram feitas para compensar o aumento de custos, mantendo uma proposta de valor sólida para o cliente”, disse um porta-voz da Subaru para os Estados Unidos em um comunicado. “Os preços da Subaru não se baseiam no país de origem de seus produtos.”
Procter & Gamble, Stanley Black & Decker
A fabricante de produtos domésticos Procter & Gamble, dona de marcas como Pampers, Tide e Charmin, disse durante uma teleconferência de resultados em 24 de abril que consideraria aumentar os preços em algumas categorias e mercados.
No mesmo dia, o CEO Jon Moeller disse à CNBC que “provavelmente” haverá aumentos de preços para os consumidores porque “as tarifas são inerentemente inflacionárias”.
Em abril, a Stanley Black & Decker, dona de marcas de ferramentas elétricas, aumentou os valores em uma média de um dígito alto devido às tarifas. Outra rodada de aumentos de preços ocorrerá ainda este ano.
Adidas
A Adidas disse que provavelmente haverá custos mais altos para produtos nos EUA devido às tarifas de Trump.
“Dada a incerteza em torno das negociações entre os EUA e os diferentes países exportadores, não sabemos quais serão as tarifas finais”, disse o CEO da Adidas, Bjørn Gulden, em um comunicado de resultados em 29 de abril.
Ele acrescentou que “aumentos de custos devido a tarifas mais altas acabarão causando aumentos de preços”.
*Ramishah Maruf, Samantha Delouya, Chris Isidore, Elisabeth Buchwald e Nathaniel Meyersohn, da CNN, contribuíram para esta reportagem.
Fonte: CNN Brasil
