O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou apoio a líder europeia de ultradireita Marine Le Pen, depois que a candidata presidencial francesa foi condenada por desvio de dinheiro e impedida de exercer cargos políticos.
“LIBERTEM MARINE LE PEN”, escreveu Trump na rede social Truth Social nesta sexta-feira (4), chamando a decisão do tribunal de “Caça às Bruxas”.
A mensagem é o mais recente endosso de alto nível de sua administração a um partido de ultradireita na Europa e vem no momento em que o presidente americano derruba décadas de garantias de segurança pós-Segunda Guerra Mundial em relação ao continente, com as políticas externas e comerciais “América Primeiro”.
As esperanças de Le Pen de se tornar presidente da França em 2027 foram interrompidas na segunda-feira (31), quando um tribunal de Paris a impediu de concorrer a um cargo público por cinco anos, depois que ela foi considerada culpada de desvio de fundos da União Europeia.
A figura de proa do partido de ultradireita Reunião Nacional (RN) era vista como a favorita para a próxima eleição, e a decisão deixou a política francesa em desordem.
“Não conheço Marine Le Pen, mas aprecio o quanto ela trabalhou duro por tantos anos”, escreveu Trump.
Ele continuou, “ela sofreu perdas, mas continuou, e agora, pouco antes do que seria uma Grande Vitória, eles a pegam por uma acusação menor da qual ela provavelmente não sabia nada – Parece um erro de ‘contabilidade’ para mim.”
“Está tudo tão ruim para a França e para o Grande Povo Francês, não importa de que lado eles estejam”, continuou o republicano.
O juiz presidente do caso de Le Pen, Bénédicte de Perthuis, afirmou que as ações da política equivalem a um “ataque sério e duradouro às regras da vida democrática na Europa, mas especialmente na França”.
Além da proibição, ela recebeu uma sentença de quatro anos de prisão com dois anos suspensos, a serem cumpridos em prisão domiciliar, e uma multa de € 100.000 (US$ 108.000).
Le Pen, filha de Jean-Marie Le Pen, que fundou seu partido quando ele era conhecido como Frente Nacional, criticou a sentença como uma “decisão puramente política” em uma entrevista na televisão e afirmou que o “estado de direito [foi] completamente violado”. Ela planeja apelar, anunciou seu advogado.
Trump chamou a condenação de “um grande negócio” na segunda-feira (31), traçando paralelos com seus próprios emaranhados legais. Seus comentários nesta sexta-feira (4) foram mais longe, com críticas incisivas aos políticos europeus.
“A Caça às Bruxas contra Marine Le Pen é outro exemplo de esquerdistas europeus usando Lawfare para silenciar a Liberdade de Expressão e censurar seu Oponente Político, desta vez indo tão longe a ponto de colocar esse Oponente na prisão”, expressou o republicano.
Não há indicação de que Le Pen cumprirá pena na prisão.
O sentimento de Trump ecoa o de seu principal conselheiro Elon Musk, que também criticou publicamente a sentença de Le Pen no início desta semana, escrevendo em sua plataforma X: “Quando a esquerda radical não consegue vencer por meio do voto democrático, eles abusam do sistema legal para prender seus oponentes.”
When the radical left can’t win via democratic vote, they abuse the legal system to jail their opponents.
This is their standard playbook throughout the world. https://t.co/FgmgeyQ2rp
— Elon Musk (@elonmusk) March 31, 2025
O governo Trump protestou contra ataques a outros políticos de extrema direita na Europa, incluindo uma decisão judicial de repetir a eleição presidencial romena, que teve uma vitória surpresa de um candidato de extrema direita.
O tribunal constitucional do país anulou o resultado inicial depois que relatórios de inteligência desclassificados descobriram uma possível interferência russa na campanha de Calin Georgescu alimentada pelo TikTok.
Uma repetição está marcada para maio, mas Georgescu foi impedido de concorrer.
O vice-presidente JD Vance também apoiou publicamente grupos de ultradireita na Europa, incluindo o partido anti-imigração Alternative for Germany (AfD) na Alemanha.
Musk também apoiou o AfD, pedindo aos alemães que votassem no grupo de direita nas eleições no início deste ano, assim como na figura de ultradireita inglesa Tommy Robinson.
O AfD quase dobrou sua parcela de votos e subiu para o segundo lugar nas pesquisas, atrás da União Democrata Cristã de centro-direita.
Fonte: CNN Brasil