TJAM traça perfil de vítimas de violência doméstica no Amazonas
Um levantamento do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), realizado pelas equipes do 3º e 6º Juizados Maria da Penha, traça o perfil das mulheres vítimas de violência doméstica no estado. O estudo detalha as principais causas das agressões, os efeitos na saúde emocional das vítimas e seus filhos, além do impacto das medidas protetivas.
Os dados demonstram que a violência doméstica não se restringe a um único grupo social, atingindo mulheres de diferentes níveis de escolaridade e idades. Além disso, o levantamento revela que, apesar das denúncias, muitas vítimas não desejam a punição do agressor, mas buscam interromper os episódios de violência.
Os impactos emocionais da violência doméstica
A violência doméstica gera impactos emocionais profundos nas mulheres que a vivenciam. De acordo com o levantamento do TJAM, as consequências mais comuns incluem:
- Isolamento social
- Baixa autoestima
- Desgaste psicológico
Em alguns casos, esses efeitos podem evoluir para transtornos mentais mais graves, como depressão e ansiedade. Além disso, o constante medo e a tensão no ambiente doméstico afetam diretamente a qualidade de vida das vítimas, muitas vezes levando-as ao esgotamento emocional.
Como a violência doméstica afeta os filhos
Outro ponto crucial do estudo do TJAM é o impacto da violência doméstica nos filhos das vítimas. Crianças e adolescentes expostos a esses episódios podem apresentar comportamentos de externalização (como agressividade) ou de internalização (como medo e isolamento).
As reações mais comuns observadas foram:
- Nervosismo (27,2%)
- Medo (25,6%)
- Agressividade (9%)
- Problemas escolares (8,3%)
- Isolamento social (7,8%)
- Desobediência (7,6%)
Essas reações indicam que a exposição à violência doméstica não afeta apenas a vítima principal. Na verdade, os filhos também sofrem consequências graves, que podem prejudicar seu desenvolvimento emocional e acadêmico.
Mudanças após a denúncia, segundo o TJAM
O levantamento do TJAM revela que 35,4% das mulheres perceberam mudanças positivas após formalizarem a denúncia. Muitas relataram que a situação de violência cessou ou diminuiu significativamente.
Além disso, 27,1% das vítimas afirmaram que as Medidas Protetivas de Urgência aumentaram sua sensação de segurança. Essas medidas, portanto, são essenciais para proteger as vítimas e coibir novos episódios de violência.
Perfil socioeconômico das vítimas de violência doméstica no AM
O TJAM traça o perfil das mulheres atendidas, destacando a diversidade em relação à escolaridade. O estudo aponta que a violência doméstica atinge mulheres com diferentes níveis de formação:
- Ensino médio completo: 38,9%
- Ensino fundamental incompleto: 13,4%
- Ensino superior incompleto: 12,4%
- Ensino superior completo: 12,1%
- Pós-graduação: 9,2%
- Analfabetas: 1,3%
Esses dados reforçam que a violência doméstica não está limitada a grupos com baixa escolaridade. No entanto, mulheres com menos acesso à educação formal podem enfrentar mais dificuldades para buscar ajuda e compreender seus direitos.
Principais fatores associados à violência, segundo o TJAM
Entre as principais causas das agressões, o ciúme excessivo lidera com 34,6% dos casos. O uso de álcool e substâncias psicoativas aparece em segundo lugar, sendo citado por 18,1% das mulheres atendidas.
Embora o consumo de álcool ou drogas facilite episódios de violência, especialistas alertam que esses fatores não são a causa principal. Na verdade, a violência está ligada a uma dinâmica de poder, em que o agressor busca controlar a vítima.
Quem são os principais agressores?
O estudo do TJAM traça o perfil dos agressores, revelando que a maioria das agressões ocorre dentro do ambiente doméstico. Os principais responsáveis pelas agressões são:
- Ex-companheiro: 29%
- Companheiro atual: 22,3%
- Marido: 16,1%
Esses números demonstram que as relações íntimas ainda são o principal cenário da violência contra as mulheres.
Resistência à punição do agressor
Um dado significativo do levantamento é que 50% das mulheres atendidas não desejam a punição do agressor. Muitas acreditam que a denúncia, por si só, será suficiente para interromper os episódios de violência.
Esse comportamento pode ser explicado por diversos fatores, como a dependência emocional ou financeira, o medo de retaliações ou a esperança de mudança de comportamento por parte do agressor.
Por que denunciar é fundamental?
Ainda que muitas vítimas hesitem em punir o agressor, a denúncia é essencial para interromper o ciclo de violência. As medidas protetivas oferecidas pela Justiça garantem maior segurança e apoio às mulheres em situação de vulnerabilidade.
Além disso, denunciar permite que órgãos competentes, como o TJAM, acompanhem e investiguem os casos, assegurando que as vítimas recebam o suporte necessário.
Acesso ao relatório completo do TJAM
Os dados detalhados deste levantamento estão disponíveis na página oficial da Ouvidoria da Mulher do TJAM. Para conferir o estudo na íntegra, acesse: