Em protesto contra a decisão do Conselho de Ética da Câmara de aprovar o parecer que recomenda a cassação de seu mandato, nesta quarta-feira 9, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou que fará greve de fome e permanecerá na Casa até o fim do processo. Foram 13 votos favoráveis e nove contrários ao relatório elaborado por Paulo Magalhães (PSD-BA).
A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) anunciou que se somará ao correligionário na iniciativa.
“Eu tomei a decisão irrefutável de que não vou ser derrotado por Arthur Lira, não vou ser derrotado pelo orçamento secreto, não vou ser derrotado pelo sócio minoritário dessa história, que foi o MBL”, disse Glauber a jornalistas após a sessão.
Em um discurso na reunião, o deputado acusou o ex-presidente da Câmara de interferir no processo de cassação, ao supostamente encomendar um relatório desfavorável ao psolista em troca de indicações em emendas de comissão.
“Nós vamos utilizar todos os instrumentos que tiverem a nossa disposição, todos os recursos que sejam cabíveis para fazer essa disputa política até o limite, até o limite. E quando eu digo até o limite, é até o limite mesmo”, completou o parlamentar.
Questionado se pensava em renunciar ao mandato, Glauber afirmou que não vai se abster da luta política e que pretende utilizar a “luta política mais radical e mais profunda para denunciar essa farra do Orçamento Secreto”.
Após a aprovação do parecer no Conselho de Ética, a palavra final será do plenário, onde a cassação de Glauber precisa ser endossada por pelo menos 257 deputados. Antes disso, ainda cabe recurso à Comissão de Constituição e Justiça.
A ação contra Glauber partiu do Novo, após o psolista expulsar, com empurrões, um militante do Movimento Brasil Livre. Gabriel Costenaro, que estava na Câmara na ocasião para participar de uma manifestação em apoio a motoristas de aplicativos, teria ofendido o deputado e chamado a mãe dele de “corrupta”.
“Diante das provas produzidas nos autos, verifica-se que Glauber Braga extrapolou os direitos inerentes ao mandato, abusando, assim, das prerrogativas que possui”, afirmou Magalhães em seu relatório. Como mostrou CartaCapital, o relator que recomendou a punição já agrediu um jornalista, mas não foi punido.
A revelação desse episódio fez a defesa de Glauber pedir a suspeição do relator antes da votação do parecer. Os advogados afirmam que a perda de isenção de Magalhães se dá porque, ao defender a punição, ele tenta “afastar-se das acusações e episódios de agressão que recaem sobre ele” e “limpar seu passado de agressões”. O pedido, porém, foi rejeitado.
Por:Carta Capital