A ativista sueca Greta Thunberg foi deportada de Israel em um voo para a França nesta terça-feira (10), após ser detida pelo Exército israelense, junto a outros ativistas, incluindo o brasileiro Thiago Ávila, a bordo de um navio de ajuda humanitária com destino à Faixa de Gaza.
Mas essa não é a primeira vez que a ativista é detida pelas autoridades. Thunberg, de 22 anos, já foi presa durante protestos ambientais e por causas sociais em Londres, Bruxelas e Copenhague.
Relembre a trajetória:
Vida pessoal e início do ativismo
Greta Tintin Eleonora Ernman Thunberg nasceu em 3 de janeiro de 2003, em Estocolmo, capital da Suécia. Ela é filha do ator sueco Svante Thunberg e da cantora de ópera Malena Ernman. A jovem foi diagnosticada com a síndrome de Asperger, que faz parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA), e fala abertamente sobre a condição.
A ativista já disse que se inspira nas greves escolares nos Estados Unidos após o ataque a tiros em Parkland, na Flórida, em 2018, para realizar as próprias manifestações.
Em 2019, foi reconhecida como personalidade do ano da revista Time, tornando-se a pessoa mais jovem a conquistar o título. Greta também já publicou livros, entre eles as obras “Ninguém é pequeno demais para fazer a diferença”, “O livro do clima: os fatos e as soluções” e “Nossa casa está em chamas: cenas de uma família e um planeta em crise”.
Linha do tempo
Agosto de 2018 – Thunberg começa a faltar às aulas para organizar protestos em frente ao parlamento da Suécia, segurando uma placa que diz “Skolstrejk för klimatet” (Greve Escolar pelo Clima). Logo, outros se juntam e o grupo decide continuar a greve, formando o movimento Fridays for Future (FFF).
Dezembro de 2018 – Greta faz um discurso na COP24, a Conferência da ONU para o Clima, na Polônia, dizendo aos negociadores: “Vocês não são maduros o suficiente para dizer as coisas como elas são. Até esse fardo vocês deixam para nós, crianças. Mas não me importo em ser popular. Preocupo-me com a justiça climática e com o planeta vivo.”
Janeiro de 2019 – A ativista faz um discurso improvisado aos delegados do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
Abril de 2019 – Greta se reúne com o Papa Francisco após a sua audiência semanal no Vaticano.
Agosto de 2019 – Chega a Nova York para discursar na Cúpula de Ação Climática da ONU, depois de navegar pelo Oceano Atlântico durante 15 dias em um veleiro com emissões zero, para reduzir o impacto ambiental da sua viagem.
16 de setembro de 2019 – Thunberg reúne-se com o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama em Washington, DC.
18 de setembro de 2019 – Thunberg fala diante do Congresso americano antes de uma audiência sobre mudanças climáticas. Ela discursa sobre o relatório especial do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas sobre o aquecimento global, que registrou um aumento da temperatura de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
20 de setembro de 2019 – A ativista participa de uma greve climática em Nova York, parte de uma paralisação global organizada por Thunberg e outros estudantes. De acordo com ela, 4.638 protestos foram programados para 139 países de 20 a 27 de setembro.
23 de setembro de 2019 – Greta discursa na Cúpula de Ação Climática da ONU. “Estamos no início de uma extinção em massa e só se fala sobre dinheiro e contos de fadas de crescimento econômico eterno”, disse Thunberg à Assembleia Geral da ONU. Mais tarde nesse dia, Thunberg e outras 15 crianças apresentaram uma queixa à ONU alegando que cinco das principais economias do mundo violaram os seus direitos humanos ao não tomarem medidas adequadas para conter a crise climática.
3 de dezembro de 2019 – Thunberg chega a Lisboa, Portugal, para a 25ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Madrid, na Espanha, depois de quase três semanas viajando através do Oceano Atlântico num barco que utiliza painéis solares e hidrogeradores para gerar eletricidade.
6 de dezembro de 2019 – A ativista critica os líderes mundiais reunidos para a COP25 em Madrid por não fazerem o suficiente para travar a crise ecológica.
Janeiro de 2020 – Em uma postagem no Instagram, anuncia que está solicitando uma marca registrada para seu nome e para o movimento Fridays for Future. Ao solicitar uma marca, algo que ela diz não ter interesse anterior em fazer, ela pretende proteger o seu movimento e as suas atividades.
Fevereiro de 2020 – Thunberg encontra a ativista paquistanesa pela educação Malala Yousafzai na Universidade de Oxford.
Setembro de 2021 – A jovem discursa no fórum Youth4Climate em Milão, na Itália, imitando líderes mundiais e repetindo suas expressões comuns sobre a crise climática, chamando-as de palavras vazias e promessas não cumpridas.
Novembro de 2021 – Liderando um protesto de jovens em frente à cúpula do clima COP26 em Glasgow, na Escócia, Thunberg critica líderes mundiais e chama a cúpula de “fracasso”.
Janeiro de 2023 – Greta é detida pela polícia alemã em um protesto contra a expansão de uma mina de carvão na vila de Lützerath, no oeste da Alemanha. Ela é liberada mais tarde naquela noite. Um porta-voz da polícia disse à CNN que aquela era a segunda vez que Thunberg era detida no local.
Março de 2023 – De acordo com um porta-voz do distrito policial de Oslo, 10 pessoas, incluindo a ativista sueca, foram retiradas pela polícia da entrada do Ministério das Finanças da Noruega. Manifestantes bloquearam o acesso a prédios do governo norueguês para protestar contra dois parques eólicos construídos em áreas de pastagem de renas Sami.
Julho de 2023 – Um tribunal sueco multa Thunberg após considerá-la culpada de desobediência à lei, informou um porta-voz do Tribunal Municipal de Malmö à CNN. Thunberg foi acusada do “crime de desobediência à lei e à ordem” no início de julho, após participar de um protesto em 19 de junho que bloqueou navios petroleiros em parte do porto de Malmö. Ela foi multada em um total de 2.500 coroas suecas (cerca de US$ 240).
Outubro de 2023 – Thunberg é presa em um protesto em frente ao Fórum de Inteligência Energética, uma cúpula anual que reúne executivos-chefes de empresas de petróleo e gás, e posteriormente acusada de ofensa à ordem pública. Ela foi absolvida em 2 de fevereiro de 2024.
Junho de 2025 – O “Madleen”, um navio de ajuda humanitária com bandeira britânica com destino a Gaza e transportando Thunberg e outros ativistas, é interceptado por Israel e atracado no porto israelense de Ashdod, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Israel. Em 10 de junho, Thunberg é deportada de Israel em um voo para a França.
Fonte: CNN Brasil