O papa Francisco recebeu diversos presidentes e líderes mundiais no Vaticano para encontros diplomáticos que abordavam questões globais, sociais e humanitárias. Esses encontros eram marcados por diálogos sobre paz, migração, meio ambiente e direitos humanos, além da tradicional troca de presentes entre os chefes de Estado e o pontífice.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff foram os dois últimos presidentes brasileiros que se encontraram com Francisco enquanto comandavam o Palácio do Planalto.
Jair Bolsonaro não chegou a se encontrar com o pontífice, mas o ex-presidente também não passou despercebido dos comentário de Francisco. Já Michel Temer encontrou o religioso apenas quando era vice-presidente.
Condenação de Lula e impeachment de Dilma
Em entrevista à rede argentina C5N, exibida no dia 30 de março de 2023, o papa Francisco afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia sido condenado sem provas e que a ex-presidente Dilma Rousseff tinha “mãos limpas”.
O pontífice citou os exemplos brasileiros quando perguntado sobre o “lawfare”, termo usado para definir o uso do sistema de Justiça de determinado país para perseguição política de adversários. Na ocasião, Francisco também citou outros países da América do Sul, Argentina e Bolívia.
“O caminho é aberto com os meios de comunicação. Deve-se impedir que este chegue a tal posto. Então o desqualificam e metem sobre ele a suspeita de um delito. E fazem todo uma denúncia criminal, uma denúncia enorme, onde não se encontram [provas]. Mas para condená-lo basta mostrar o tamanho da denúncia. Onde está o delito? Aqui? Sim, parece que sim. Assim foi condenado Lula”, disse à época.
Na mesma entrevista, o papa afirmou que a ex-presidenta Dilma Rousseff sofreu o impeachment, mesmo sendo inocente.
“O que aconteceu com Dilma? Uma mulher de mãos limpas, mulher excelente”, disse o pontífice, logo após falar sobre Lula.
Em dezembro de 2022, o pontífice também citou Lula e disse em entrevista a um jornal espanhol que o processo que levou o petista à prisão começou por uma notícia falsa.
“Um julgamento tem que ser o mais limpo possível, com tribunais que não têm outro interesse senão fazer justiça”, disse na ocasião.
Lula e Dilma se encontraram com papa Francisco no ano passado. Em junho, o presidente do Brasil se encontrou com o pontífice, na região de Apúlia, no sul da Itália, onde tiveram uma reunião bilateral para tratar sobre paz mundial, combate à fome e a necessidade de redução das desigualdades no planeta.
Dois meses antes, Papa Francisco recebeu no Vaticano, a ex-presidente Dilma Rousseff, que hoje comanda o Novo Banco de Desenvolvimento, o chamado Banco dos Brics, grupo que reúne países emergentes.
Governo Bolsonaro
Em outubro de 2022, época da eleição para presidente no Brasil, Francisco, em sua tradicional saudação papal no Vaticano aos católicos, na Praça São Pedro, mandou recado aos peregrinos e pediu que a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, libertasse o povo brasileiro da onda de ódio e rancor que que se alastrou no país.
“Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”, disse o pontífice.
Apesar de não citar as eleições brasileiras e nem nomes, a declaração gerou polêmica. Isso porque apoiadores de Bolsonaro expressaram descontentamento com as falas do pontífice que estaria em defesa de Lula. Já outros setores da sociedade viram na declaração um apelo por reconciliação nacional.
Em outubro de 2021, o então presidente Jair Bolsonaro esteve em Roma para a cúpula do G20. Mas ao contrário de seus antecessores e de outros líderes mundiais que também participaram do G20, como Joe Biden, Bolsonaro não se encontrou com o papa Francisco.
Fonte: CNN Brasil