A violência doméstica em números
A violência contra mulheres no Brasil atingiu um nível alarmante. De acordo com a 5ª edição do relatório “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Datafolha, 37,5% das mulheres relataram ter sofrido algum tipo de agressão nos últimos 12 meses. Esse percentual corresponde a 21,4 milhões de brasileiras com 16 anos ou mais, o maior índice desde o início do levantamento, em 2017.
O estudo destaca que, em 91,8% dos casos, outras pessoas presenciaram as agressões. A maioria (86,7%) desses observadores são familiares ou pessoas próximas à vítima. Mesmo diante da presença de testemunhas, 47,4% das mulheres agredidas não procuraram ajuda nem denunciaram os casos.
Quem são os agressores
A pesquisa aponta que a violência é majoritariamente doméstica e intrafamiliar. O cônjuge ou companheiro aparece como principal agressor em 40% dos casos, seguido por ex-parceiros (26,8%). Outros familiares, como pais (5,2%), padrastos ou madrastas (4,1%) e até filhos (3%), também figuram como autores das agressões.
Além disso, a casa da vítima continua sendo o principal cenário da violência, representando 57% dos casos. A frequência de agressões físicas aumentou significativamente, com 16,9% das mulheres relatando ter sido alvo de tapas, socos, empurrões ou chutes, o maior índice já registrado pelo relatório.
Tipos de violência mais comuns
As mulheres vítimas de violência relataram, em média, três tipos diferentes de agressões. Entre as mais frequentes estão:
- Ofensas verbais (31,4%): insultos, humilhações e xingamentos;
- Agressões físicas (16,9%): golpes, tapas, empurrões e chutes;
- Abuso sexual (10%): incluindo estupro e relações sexuais sem consentimento.
A violência sexual, muitas vezes invisibilizada, também ocorre dentro dos lares. O estupro marital é uma realidade para muitas mulheres, mesmo em relações formais de casamento ou convivência.
Impactos para as testemunhas de violência
Os efeitos da violência doméstica não se limitam às vítimas diretas. Segundo o relatório, testemunhar episódios de agressão pode causar distúrbios emocionais, cognitivos e comportamentais. Crianças que crescem em ambientes violentos têm maior probabilidade de repetir ou sofrer violência na vida adulta.
Estudos citados no levantamento indicam que, em alguns casos, presenciar a violência pode ser mais traumático do que ser a própria vítima. Isso reforça a necessidade de políticas públicas para proteger não apenas as mulheres, mas também as famílias afetadas.
Onde buscar ajuda em casos de violência
Diante de uma situação de violência, é fundamental procurar ajuda imediatamente. As principais formas de assistência são:
- Emergência policial: Ligue para o 190 em casos que exijam intervenção imediata;
- Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180): Serviço gratuito e confidencial que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. Também é possível entrar em contato pelo WhatsApp (61) 9610-0180;
- Instituições de acolhimento: O relatório destaca a importância dos centros especializados que oferecem apoio jurídico, psicológico e assistencial às vítimas.
A importância de denunciar
A subnotificação ainda é um grande obstáculo no enfrentamento da violência de gênero. Ao não denunciar, as vítimas permanecem em risco, e os agressores seguem impunes. O relatório reforça que, para combater essa realidade, é essencial fortalecer as redes de apoio e garantir a aplicação rigorosa da Lei Maria da Penha, um marco legal no combate à violência doméstica no Brasil.