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sábado, 24 maio, 2025
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Rede Alesp vira vitrine política para a gestão Tarcísio – CartaCapital

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A Rede Alesp, emissora vinculada à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, está sendo utilizada para transmitir eventos, entrevistas e conteúdos elogiosos ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma prática que pode ferir os princípios de imparcialidade e o uso institucional da TV pública.

Desde o início deste ano de 2025, ao menos 20 transmissões ao vivo e conteúdos gravados já foram exibidos sobre a gestão do governador. Em 6 de fevereiro, por exemplo, uma entrevista de mais de uma hora foi ao ar no programa Conexão Paulista, apresentado como uma “edição histórica” com Tarcísio. Com “emoção e lágrimas nos olhos”, como diz a transmissão, o governador fala sobre sua trajetória em São Paulo e promove os programas de sua gestão.

Além da cobertura das atividades legislativas, a emissora também publicou em seu canal no YouTube vídeos de caráter propagandístico sobre programas do governo de São Paulo, como o “Guri na Escola”, “Alfabetiza Juntos” e os leilões das linhas da CPTM – conteúdos sem relação direta com a atividade parlamentar.

Em 8 de maio, uma transmissão de 1 hora e 34 minutos mostrou na íntegra um evento do lançamento da Caravana 3D, programa voltado a levar políticas públicas às cidades do interior do Estado. A cerimônia foi praticamente um ato de campanha, com 47 minutos só de falas do governador.

Funcionários da Rede Alesp relataram à CartaCapital que chega a ser “constrangedor” o excesso de material governista, marcado pela falta de filtro e de conexão com o trabalho legislativo da Casa.

Segundo o texto institucional da Rede Alesp, a emissora tem o “propósito de levar para todo o Estado de São Paulo as atividades parlamentares desenvolvidas na Assembleia Legislativa”.

“A Rede Alesp cumpre seu papel de disseminar as atividades parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo. No rol de suas ações está a transmissão ao vivo das sessões do plenário Juscelino Kubitschek, as transmissões das comissões temáticas da Casa, as Frentes Parlamentares, as Comissões Parlamentares de Inquérito e demais atividades institucionais, sem contar os programas em estúdio.” Não é, portanto, uma TV do governo do Estado.

Para além das emissoras legislativas, a comparação com outras TVs públicas evidencia a diferença de tratamento. A TV Cultura, por exemplo, mantida pela Fundação Padre Anchieta e com financiamento público, tem estrutura editorial independente e pluralidade de vozes. Já a Rede Alesp, por ser vinculada diretamente ao Poder Legislativo, deveria zelar ainda mais pela imparcialidade de seus conteúdos.

Procurada, a assessoria de imprensa do governo do Estado de São Paulo não respondeu aos questionamentos da reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações.



Por:Carta Capital

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