Estimativa aponta ingresso de R$ 57,50; mesmo com ingressos cada vez mais caros, público de alta renda segue presente nos eventos
Neste sábado (3), Lady Gaga realiza um show gratuito no Rio de Janeiro. A apresentação deve reunir mais de 1,6 milhão de pessoas em um evento de grande porte, com estrutura grandiosa e produção digna dos maiores espetáculos internacionais. Dona de uma carreira consagrada, a artista chega ao Brasil como um dos nomes mais aguardados da temporada cultural.
Mas e se o show fosse pago? Com base no custo divulgado da produção — cerca de R$ 92 milhões — e no número estimado de espectadores, uma estimativa hipotética indica que o ingresso custaria aproximadamente R$ 57,50 por pessoa, apenas para cobrir os custos. Esse cálculo, no entanto, não leva em conta uma série de despesas adicionais, como taxas, impostos e margem de lucro, e serve apenas como uma projeção didática.
Ingressos subiram 50% em cinco anos
Nos últimos anos, o valor dos ingressos para shows e grandes festivais cresceu significativamente. De acordo com dados internacionais, o aumento médio foi de 50% em cinco anos. O fenômeno, já apelidado no exterior como “funflation”, reflete a inflação do entretenimento ao vivo.
No Brasil, os números também impressionam. Quando Lady Gaga esteve no país em 2012, os ingressos de seu show custavam a partir de R$ 190. Em 2024, um ingresso para o Rock in Rio pode chegar a R$ 795. Esse encarecimento do acesso a eventos culturais mostra que, mesmo em um contexto de inflação e aumento do custo de vida, o setor do entretenimento mantém uma base de público sólida e disposta a pagar caro por experiências exclusivas.
Alta renda segue consumindo cultura
Mesmo com preços elevados, o consumo de cultura permanece forte entre as classes mais altas. Uma pesquisa feita com usuários de uma plataforma de relacionamentos de luxo revelou que 45% dos entrevistados com renda mensal média de R$ 90 mil afirmam frequentar shows com frequência.
Esse público busca experiências diferenciadas e está disposto a investir em ingressos premium, áreas VIP e todo o ecossistema que envolve um grande evento musical. A valorização dessas experiências vai além do espetáculo em si, envolvendo status social, registros em redes sociais e pertencimento a determinados grupos de consumo cultural.
Gosto musical e identidade
O consumo musical, especialmente de shows ao vivo, está diretamente relacionado à identidade cultural dos indivíduos. A escolha de estilos, artistas e eventos revela traços de personalidade, estilo de vida e até mesmo valores sociais.
Participar de grandes apresentações, como a de Lady Gaga, não é apenas um ato de entretenimento, mas também uma forma de afirmação pessoal. A presença em eventos desse porte simboliza, muitas vezes, um posicionamento em relação ao mundo e ao círculo social em que se está inserido.
Um show gratuito com valor imensurável
O espetáculo de Lady Gaga no Rio, embora gratuito para o público, envolve uma superprodução orçada em R$ 92 milhões. A estrutura inclui palco, equipamentos de som e luz, segurança, logística, suporte técnico e mobilização de profissionais de diferentes áreas.
Além do investimento financeiro, o evento também representa um enorme esforço de organização e articulação com o poder público e a iniciativa privada. Mesmo sem bilheteria, o impacto gerado na economia local — especialmente nos setores de turismo, comércio e serviços — é significativo.
Democratização do acesso à cultura
Shows gratuitos como o de Lady Gaga promovem uma oportunidade rara para a democratização do acesso à cultura internacional. Em um país onde ingressos de grandes artistas costumam ser inacessíveis para uma parcela expressiva da população, a gratuidade de um evento dessa magnitude permite que milhões de pessoas tenham contato direto com um espetáculo que normalmente seria restrito.
Além do entretenimento, eventos como esse promovem inclusão cultural, movimentam a economia e proporcionam vivências únicas para pessoas de diferentes perfis sociais.