O futuro da Faixa de Gaza após o conflito entre Israel e Hamas permanece incerto, com diversas possibilidades sendo discutidas por especialistas. Lourival Sant’Anna, analista sênior de Internacional da CNN Brasil, abordou o tema em profundidade, destacando as complexidades históricas e políticas envolvidas.
Segundo Sant’Anna, o primeiro passo para uma possível expansão territorial israelense seria a anexação da Cisjordânia. Ele explica que a região “está madura para ser anexada”, após décadas de ocupação militar e expansão de assentamentos judaicos desde 1967. O analista ressalta que uma parcela significativa da população israelense e da comunidade judaica mundial acredita ter um “direito bíblico” sobre a área.
Quanto à Faixa de Gaza, Sant’Anna a descreve como uma região historicamente “intratável”, frequentemente referida como um “formigueiro humano”. Ele relembra que em 2005, o então primeiro-ministro Ariel Sharon, conhecido por suas credenciais nacionalistas, chegou a retirar os colonos israelenses de Gaza. No entanto, parte da sociedade israelense e da comunidade judaica nunca aceitou completamente essa decisão.
O analista destaca um processo de desumanização dos palestinos por uma parcela expressiva da sociedade israelense e judaica. Esse fenômeno, segundo ele, leva alguns a acreditarem que os palestinos são “culpados pelo seu próprio destino”, citando ações terroristas realizadas por grupos como o Hamas e o Jihad Islâmico ao longo dos anos.
Tensões e manifestações atuais
O cenário atual é marcado por tensões contínuas. Ex-colonos forçados a deixar Gaza por Sharon ainda realizam manifestações, expressando o desejo de retornar e pressionando o governo de Netanyahu a reinstalar os assentamentos. Paralelamente, na Cisjordânia, há relatos de ações violentas contra famílias palestinas, com jovens colonos armados expulsando moradores de suas casas.
Sant’Anna conclui que o futuro da Faixa de Gaza permanece um ponto de debate crucial, com implicações significativas para a estabilidade regional e as perspectivas de paz. A situação complexa envolve não apenas questões territoriais, mas também profundas divisões históricas, culturais e políticas que continuam a moldar o conflito israelo-palestino.
Fonte: CNN Brasil