Pesquisadores de Viena (Áustria) e do Algarve (Portugal) realizaram grande descoberta, capaz de nos ajudar a entender como os primeiros seres humanos enfrentaram a fase mais fria da Era Glacial. No caso, eles acharam três lareiras misteriosas. A novidade foi publicada na Geoarcheology.
A descoberta é muito importante, pois, até hoje, não tínhamos nenhuma evidência bem preservada desse período mais extremo da Era Glacial, impedindo, assim, que pudéssemos entender nossa evolução durante o frio mega extremo.
Primeiros humanos e a Era Glacial
- No estudo, os pesquisadores da Universidade de Viena (Áustria) e do Algarve (Portugal) utilizaram técnicas geoarqueológicas consideradas inovadoras para encontras as três lareiras, localizadas na Ucrânia;
- Essas lareiras seriam do auge do inverno, conhecido como Último Máximo Glacial, ocorrido entre 26,5 mil e 19 mil anos atrás. No período, as temperaturas na atual Europa caíram e permaneceram entre −26,6 °C e −20 °C;
- Por meio da tecnologia empregada, foi possível ter mais informações sobre o Homo sapiens. Contudo, a ausência de outras lareiras deixou os cientistas atônitos.

Ao Interesting Engineering, William Murphree, principal autor do estudo e geoarqueólogo da Universidade do Algarve, questionou: “A maior parte das evidências foi destruída pelo congelamento e degelo alternados do solo, típicos de uma era glacial? Ou será que as pessoas não encontraram combustível suficiente durante o Último Máximo Glacial? Não usaram o fogo, mas recorreram a outras soluções tecnológicas?“
Já Philip R. Nigst, coautor do estudo e arqueólogo da Universidade de Viena, disse, em nota, que “o fogo não servia apenas para manter o calor; também era essencial para cozinhar, fazer ferramentas e para reuniões sociais”.
As lareiras encontradas deram luz ao período sombrio da Era Glacial, já que nossos antepassados precisavam de calor para seguirem vivos, mas poucas informações sobre como conseguiam viver naquela época estão disponíveis atualmente.
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Encontrando o fogo antigo
Os sinais da existência de fogo nas lareiras antigas só foram encontrados a partir de análises microestatigráficas, micromorfológicas e colorimétricas. As três lareiras são simples, planas e movidas a lenha, mas com tamanhos distintos.
Uma delas, maior e mais espessa que as demais, gerava temperaturas mais altas. Outra descoberta interessante é que o fogo atingiu 600 °C. Isso, segundo os pesquisadores, mostra como o Homo sapiens dominava esse elemento da natureza.
Nigst complementou: “As pessoas controlavam perfeitamente o fogo e sabiam como usá-lo de diferentes maneiras, dependendo da finalidade do fogo. Mas nossos resultados também mostram que esses caçadores-coletores usavam o mesmo local em diferentes épocas do ano durante suas migrações anuais.”
Ainda segundo as análises dos cientistas, a técnica adotada pelos humanos da época para alimentar o fogo era a partir de madeira, especialmente de abetos. Outras possibilidades abarcam a inclusão de ossos ou gordura, uma vez que nossos antepassados que viveram a Era Glacial queimavam ossos de animais até que ficassem crocantes no pico da temperatura.

Marjolein D. Bosch, uma das autoras e zooarqueóloga da Universidade de Viena, da Academia Austríaca de Ciências e do Museu de História Natural de Viena, explicou que, “atualmente, estamos investigando se eles foram usados como combustível ou se foram queimados acidentalmente“.
Sendo assim, os cientistas podem ter dado importante passo rumo ao entendimento desse misterioso período para nossa própria história, bem como os Homo sapiens evoluíram sua tecnologia para escapar do frio extremo.
Fonte: Olhar Digital