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quarta-feira, 4 junho, 2025
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Primeiro grupo de k-pop com integrantes surdos usa IA para romper barreiras

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No dia 20 de abril de 2024, o grupo de k-pop Big Ocean estreou e chamou a atenção do mundo por conta dos seus integrantes, Jiseok, PJ e Chanyeon, que vivem com diferentes graus de deficiência auditiva. À CNN, o grupo falou sobre o primeiro aniversário e sobre o miniálbum “Underwater”, que comemora esse marco importante.

O projeto conta com quatro faixas: “SINKING”, “FADE OUT”, “ATTENTION” e “END OF TIME”. O conceito, assim como o nome do grupo, remete ao mar, mas também inclui seres mitológicos, como as sereias.

“Vemos o mundo de um jeito diferente, assim como sereias. Quando cantamos, é como se nos entendêssemos no mar silencioso. Queríamos mostrar que, mesmo o que não é visto ou ouvido, ainda pode ser sentido”, explica PJ à CNN.

Tecnologia como aliada

Por meio de um treinamento rigoroso, os integrantes aprenderam a cantar e dançar utilizando relógios de pulso que vibram no ritmo necessário. Além disso, contam com telas de lanterna que funcionam como metrônomos, o aparelho que marca o ritmo da música com batidas regulares para ajudar músicos a cantarem no tempo certo.

Os membros do Big Ocean também contam com uma ferramenta de Inteligência Artificial (I.A.) que os ajuda a acertar o tom de suas próprias músicas e tornar os vocais mais claros.

O uso dessa tecnologia pode gerar discussões, mas eles garantem que, quando se trata da letra e da emoção, nenhum robô substitui o ser humano.

“Essas ferramentas ajudam a melhorar nossa performance”, explica PJ. “Mas acreditamos que a verdadeira emoção e a mensagem precisam vir de nós. A I.A. está aqui apenas para nos apoiar nesse processo.”

Inclusão

A língua de sinais é um elemento central para o grupo. Eles utilizam não apenas a Língua de Sinais Coreana (KSL), mas também a Língua Americana de Sinais (ASL) e a Língua Internacional de Sinais (IS), promovendo a diversidade e a inclusão em suas apresentações. Na entrevista em vídeo à CNN, eles aprenderam também um pouco da Língua Brasileira de Sinais.

Data marcada no Brasil

O Big Ocean desembarca no país para participar do Anime Friends 2025, um dos maiores eventos de cultura pop asiática da América Latina. O evento acontece nos dias 3, 4, 5 e 6 de julho, no Distrito Anhembi, em São Paulo (SP). Os fãs, que são chamados de “PADO (significa “onda” em coreano), poderão assistir a um show e painel de perguntas e respostas.

Confira a entrevista completa com a CNN:

Parabéns pelo primeiro aniversário desde o debut. Qual foi o momento mais inesquecível deste ano como idols de k-pop?

Chan-yeon: Para mim, foi no ano passado, quando visitamos Nova York para um fanmeeting. Havia uma senhora PADO (fã do Big Ocean) de 73 anos que confundiu a data, achava que seria no dia seguinte e não conseguiu ir. Quando soubemos disso, enviamos uma mensagem dizendo: “Vamos nos encontrar na próxima vez”. E então, durante a turnê na Europa, em Paris, ela veio até nós com a mensagem: “Vocês se lembram de mim?” E, felizmente, eu pude reconhecê-la imediatamente porque também queríamos muito vê-la. Ela não se esqueceu da gente depois de seis meses e veio até nós. E ela curtiu bastante o show apesar da idade. Então eu nunca vou esquecer esse dia em Paris.

PJ: E durante minha performance solo de “Sinking”, vi fãs chorando. Eu realmente queria descer e enxugar suas lágrimas, mas não pude. Então, olhei nos olhos delas e disse suavemente: “Não chore, estou aqui por você”. Aquele momento pareceu um choro silencioso. E me tocou profundamente.

Neste ano como idols, vocês foram muito bem recebidos por veteranos da indústria. Qual é o melhor conselho que receberam até agora? E agora que já fez um ano desde que estrearam, que conselho vocês dariam para um calouro que está apenas começando?

Chanyeon: As integrantes do Dal Shabet me disseram: “Nunca fique no status quo, continue tentando e siga em frente”. Isso ficou comigo. Para os novatos, eu diria: vejam, sintam e curtam muitas coisas.

PJ: Uma dos melhores conselhos que recebi foi: “Sua jornada pode dar muita força para alguém”. Eu não percebi no começo, mas um dia eu vi isso nos olhos de um fã para mim. Alguém por aí está resistindo por causa da sua alegria. Então não desista e seja sempre honesta. Continue!

Jiseok: Nossa música de estreia para o mundo foi “Glow”. Me lembro do Shin Dong-yup e do Tony Ahn do H.O.T. Eles disseram: “Vocês estão dando esperança para muitas pessoas, ficamos grato por vocês. Um grupo como vocês deve permanecer e ir além”. Esses elogios encorajadores me deixaram muito grato e feliz.

Sobre o álbum “Underwater”, como o tema místico de homens-sereias se conecta com suas jornadas?

PJ: “Underwater” fala sobre sentimentos que não podemos expressar com o que está dentro de nós. Como sereias no fundo do mar, nós também vemos e sentimos o mundo de uma maneira diferente. Por isso, esse conceito nos tocou ainda mais profundamente. Quando cantamos e mostramos nossos sentimentos usando a linguagem, parece que somos homens-sereia que se entendem no mar silencioso. Nós queríamos dizer que mesmo que algo não seja visto ou ouvido, ainda existe e ainda pode ser sentido.

Vocês têm uma letra favorita do álbum?

Chanyeon: Eu tive a honra de participar da letra de “FADE OUT”. E tem um momento em que dizemos “Cut the scene” (Corta a cena). Eu acho que realmente tem um significado profundo. No passado, eu era muito tímido e ficava inseguro com muita coisa. Mas agora eu sou muito confiante e corajoso. É como se eu estivesse cortando uma cena do passado, e seguindo em frente para o presente e o futuro. “Cut the scene” é como eu me coloquei dentro da música.

PJ: Tem uma frase que diz: “Não importa o que tenhamos que enfrentar, por favor, saiba que estou aqui para ficar”. Isso é de “END OF TIME”, nossa melhor música. Para mim, parece que estou falando comigo mesmo e também prometendo a PADO [nome dos fãs] que sempre ficarei ao lado deles.

Jiseok: A música “ATTENTION”, a faixa-título, é muito especial para mim porque pude participar da criação da coreografia. Minha parte favorita é: “Cicatrizes não importam, sou o melhor, sem dor”. A letra diz para não se importar com a perspectiva das outras pessoas. Acho muito marcante, por isso gosto.

O que aprenderam um com o outro nesse ano trabalhando juntos?

Chanyeon: Conforme passo mais tempo com os membros, e a gente vai se conhecendo mais, surgem muitos sentimentos novos pra mim. Com o PJ, aprendi um otimismo que não desmorona. E com o Jiseok, aprendi uma serenidade que não se abala. Como são justamente as duas coisas que eu mais preciso, eles são pessoas muito valiosas pra mim.

Jiseok: Se olhar bem para Chanyeon, ele é fofo. Ele é muito bom em ser fofo. Meu apelido é I.A., porque sou bem frio e meio travado. Então, quando quero demonstrar coisas pros PADO, acabo olhando pro jeito fofo do Chanhyun e aprendo bastante.

Sei que vocês desenvolveram ferramentas únicas para aprimorar suas práticas de dança e também usam soluções de I.A. para apoiar sua produção musical. Podem explicar como essas tecnologias fazem parte do seu processo criativo? E, na opinião de vocês, quando a I.A. na música vai longe demais? Qual é o limite de uso?

PJ: Nosso foco principal está sempre no treinamento vocal e de rap. Mas, às vezes, usamos ferramentas de I.A. para apoiar o que fazemos. Aplicativos de afinação nos ajudam a verificar o tom e usamos soluções de conversão de voz por IA para tornar nossas vozes mais claras. Para dança, usamos relógios inteligentes e metrônomo de luz para manter o ritmo. Essas ferramentas ajudam a aprimorar nossa performance. Mas acreditamos que a emoção e a mensagem verdadeiras devem vir de nós. Nós simplesmente pensamos que I.A. pode estar lá para nos apoiar nesse processo.

Jiseok: No passado, quando a câmera foi inventada, muitos artistas achavam que ela arruinaria a arte. Mas foi justamente o oposto. Graças à câmera, surgiram novos gêneros e inspiração para muitas pessoas. Por isso, acho que é uma ferramenta positiva.

Jiseok, você contou que o RM do BTS fez uma doação para um programa musical da sua escola e isso despertou sua paixão. Isso também inspirou você, como artista, a inspirar e ajudar os outros com sua música, como está fazendo agora?

Jiseok: Bem, quando eu era estudante, costumava pensar muito em que carreira queria seguir. Foi uma época muito difícil e eu ouvia muito “everythinggoes” do RM. Naquele momento, ouvir música me ajudava muito mais do que ouvir conselhos das pessoas. Parecia que a música me abraçava e dizia: “Está tudo bem, você está indo bem”. Quero aproveitar para dizer que sou muito grato a ele. RM é a pessoa que mais respeito e eu quero que, assim como ele, as músicas do Big Ocean possam inspirar e ajudar muitas pessoas.

Podem mandar um recado aos fãs brasileiros?

PJ: PADO do Brasil, estamos tão felizes em ver vocês porque vamos visitar o Brasil em julho. Então parece um sonho. E tenho certeza que, quando nos encontramos, vamos poder compartilhar nossa história especial. Vai ser precioso nosso tempo juntos. Eu amo vocês.

Jiseok e Chanyeon: Obrigado, PADO. Amamos muito vocês!

Confira a entrevista em vídeo:



Fonte: CNN Brasil

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