Na internet, é possível encontrar diversas histórias de animais com duas cabeças que nascem em casas, criadouros ou até mesmo na natureza.
Foi o que aconteceu recentemente em uma loja de animais de estimação chamada East Bay Vivarium, em Berkeley, Califórnia, nos Estados Unidos. No local, houve o nascimento de uma cobra com duas cabeças, filhotes maschos batizados de Zeke e Angel, que nasceram com a espinha dorsal fundida.
Em 2024, também viralizou no TikTok um vídeo curioso de um bezerro com duas cabeças, uma raridade no mundo animal. Esse fenômeno, chamado de policefalia, pode ser visto em diversas espécies. Entretanto, você sabe o que é essa condição e qual a sua causa?
Ela costuma aparecer bastante nas manchetes e virar notícia quando acontece, justamente por sua ocorrência ser bastante rara, entretanto, pouco se fala do motivo pelo qual isso acontece. Saiba mais na matéria abaixo.
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O fenômeno de animais que nascem com duas cabeças é conhecido como policefalia. Esse termo deriva do grego poly (muitos) e kephalē (cabeça), e descreve a condição em que um organismo possui mais de uma cabeça. Quando há duas cabeças, o termo específico é bicefalia ou dicefalia.
Essa anomalia ocorre devido a falhas no desenvolvimento embrionário, especialmente durante a divisão de embriões idênticos, resultando em gêmeos siameses que compartilham partes do corpo, incluindo a cabeça.
A policefalia não é exclusiva de uma espécie e já foi observada em diversos animais, como cobras, tartarugas, bovinos, porcos, gatos, cães e peixes . No entanto, é mais comum em répteis e anfíbios. Isso se deve, em parte, ao fato de que esses animais frequentemente produzem grandes ninhadas, aumentando a probabilidade de ocorrências de mutações.
Além disso, seus ovos são incubados no ambiente externo, tornando-os mais suscetíveis a fatores ambientais como temperatura, toxinas e radiação, que podem interferir no desenvolvimento embrionário.
A sobrevivência de animais com duas cabeças é rara. Muitos não sobrevivem ao nascimento ou morrem pouco depois devido a complicações relacionadas à coordenação motora, alimentação e funcionamento dos órgãos internos.
Por exemplo, uma cobra com duas cabeças pode ter dificuldades para se mover, pois cada cabeça pode tentar controlar o corpo de maneira independente, resultando em movimentos descoordenados.
No entanto, há exceções; uma cobra-de-rato preta com duas cabeças viveu por 20 anos em cativeiro, demonstrando que, com cuidados adequados, a sobrevivência é possível.

Em humanos, a condição é extremamente rara e geralmente resulta em complicações graves. Existem dois tipos principais: dicephalus parapagus, no qual os gêmeos compartilham um corpo com duas cabeças lado a lado, e craniopagus parasiticus, no qual uma cabeça subdesenvolvida está unida a uma cabeça totalmente formada.
A maioria dos casos resulta em natimortos ou morte pouco após o nascimento, embora existam relatos de sobrevivência por períodos mais longos em casos raros.
A duplicação de outras partes do corpo também pode ocorrer. Condições como diprosopus resultam na duplicação parcial ou total da face.
Já a duplicação de membros, como braços ou pernas adicionais, pode ocorrer devido a falhas na separação de gêmeos durante o desenvolvimento embrionário. Essas duplicações podem ser funcionais ou não, dependendo do grau de desenvolvimento dos tecidos e estruturas envolvidas.
Partes independentes e chances de acontecer
No caso de animais com duas cabeças, cada cabeça geralmente possui seu próprio cérebro e pode controlar partes do corpo de forma independente. Isso pode levar a conflitos, como quando cada cabeça tenta direcionar o corpo em direções opostas.
Além disso, se ambas as cabeças possuem sistemas digestivos funcionais, ambas podem precisar se alimentar separadamente para obter os nutrientes necessários.
As chances de nascimento de um animal com duas cabeças são extremamente baixas. Por exemplo, estima-se que a ocorrência de bezerros com duas cabeças seja de 1 em 400 milhões. Em cobras, a estimativa é de 1 em cada 10.000 nascimentos. Essas estatísticas destacam a raridade dessa condição na natureza.
Apesar de sua raridade, casos de policefalia continuam a fascinar cientistas e o público em geral. Eles oferecem insights valiosos sobre o desenvolvimento embrionário e as complexidades da formação dos organismos. Estudos contínuos sobre essas anomalias podem contribuir para uma melhor compreensão das causas e possíveis intervenções em casos de malformações congênitas.

Fonte: Olhar Digital