A contratação do italiano Carlo Ancelotti para ser treinador da Seleção Brasileira, anunciada nesta segunda-feira 12, ocorre em um contexto delicado para o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues. O cartola, porém, teve um alívio momentâneo.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ouviria, na tarde desta segunda, o vice-presidente da CBF Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, para comprovar suas condições físicas e cognitivas. A oitiva, porém, foi cancelada por motivos de saúde.
O depoimento aconteceria após o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes mandar o TJ investigar uma suposta falsificação da assinatura de Nunes no acordo que validou a eleição de Ednaldo. Os indícios de fraude foram levados ao STF pela deputada Daniela Carneiro (União-RJ) e por Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade.
A suspeita de fraude se baseia em um laudo assinado pela perita Jacqueline Tirotti, a concluir que “as assinaturas questionadas divergem do punho periciado do vice-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima em características personalíssimas e imperceptíveis”. Ao acionarem o STF, Carneiro e Sarney buscavam rever o acordo e afastar Ednaldo da presidência da CBF.
O diretor-jurídico da CBF, André Mattos, confirmou ao TJ-RJ nesta segunda que Nunes não teria condições de prestar o depoimento, nem de forma remota.
Mattos afirmou que “buscou ativamente contato com o intimado, tendo sido informado pela sra. Giane Waldea Rosa de Lima Salzer, filha dele, que o intimado não está ‘bem’ e que, por isso, foi levado na data de hoje para a cidade de São Paulo, onde se submeterá a uma avaliação clínica médica no hospital Albert Einstein, estando, portanto, impossibilitado de participar da audiência”.
Gilmar Mendes reconheceu que os documentos anexados aos autos apresentam “notícias e graves suspeitas de vícios de consentimento capazes de macular o negócio jurídico entabulado”, mas negou um pedido para retirar Ednaldo do cargo.
O ministro afirmou que Carneiro e Sarney não têm legitimidade para atuar em uma ação de controle concentrado. “Ainda se assim não fosse, revela-se manifestamente incabível o pedido de afastamento do presidente da CBF no presente feito”, acrescentou.
O acordo que reconhece a legalidade da vitória de Ednaldo em março de 2022 tem as assinaturas de cinco dirigentes — entre eles Antônio Carlos Nunes de Lima — e foi homologado pelo STF em fevereiro.
“São, portanto, deveras preocupantes as acusações que surgem com relação ao Sr. Ednaldo Rodrigues, o qual, além de se valer de pessoa que não goza da plena capacidade civil, pode também ter se utilizado de expedientes de adulteração de assinaturas”, afirmou Daniela Carneiro ao STF.
Por:Carta Capital