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MPF suspende projeto de crédito de carbono no Amazonas após denúncias

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Porto Gavião, em Carauari (Reprodução/Mejuruá)

19 de março de 2025

Thaís Matos – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O Ministério Público Federal (MPF) pediu a suspensão do projeto de crédito de carbono denominado Mejuruá, localizado no município de Carauari (AM), por suspeita de violações e irregularidades praticadas pela empresa BR Arbo Gestão Florestal após denúncias de comunidades tradicionais da região, distante 788 quilômetros de Manaus.

Segundo a recomendação do MPF, o órgão solicitou que a empresa BR Arbo Gestão Florestal e a certificadora Verra não façam contato direto com membros da comunidade tradicional e suas lideranças. O contato deve ficar suspenso até que seja reconhecido pela empresa o direito ao território tradicional e seja estabelecido pela comunidade um procedimento que assegure a observância do direito à consulta livre, prévia, informada e de boa-fé prevista na Convenção 169 da OIT.

Acompanharão os desdobramentos o MPF, a assessoria técnica e jurídica da Associação dos Moradores do Baixo Riozinho (Asmobri) e dos comunitários. As empresas têm o prazo de 15 dias para prestar informações sobre as providências tomadas diante da recomendação.

Segundo o relatório do órgão, há um conflito potencializado pela atuação irregular da empresa BR Arbo, aproveitando-se do vácuo de abandono das políticas públicas nessas áreas. Também foi exposto que comunitários e MPF querem um acordo respeitoso, porém, não foram atendidos pela empresa.

Fonte: Relatório MPF
Investigação

Os comunitários tradicionais do Riozinho, em Carauari, apoiados pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), relataram ao MPF que estavam sofrendo diversas violações, cooptações e pressão por parte da empresa BR Arbo. Os comunitários relataram que representantes da empresa espalharam mentiras, e chagaram até a oferecer poço artesiano, internet e caixa d’água em troca de apoio ao projeto.

A empresa e a certificadora já haviam sido notificadas extrajudicialmente, em 2024, pelo representante jurídico dos comunitários sobre o conflito de interesses e a necessidade de proteger os direitos da comunidade tradicional. Contudo, mesmo com a notificação e troca de e-mails entre a certificadora e as associações comunitárias, não houve a suspensão ou paralisação do projeto.

Segundo dados do Ministério, a população tradicional vive há mais de 50 anos na região, sobrevivendo do extrativismo, caça, pesca, coleta, agricultura familiar, sem qualquer oposição e de forma pacífica, tendo pleno direito à regularização fundiária de seu território tradicional.

O direito territorial coletivo aos povos tradicionais é garantido pela legislação brasileira e internacional, independentemente da existência de título e registro fundiário sobreposto ao território, o que pode mudar é a forma de reconhecimento deste direito.

Leia mais: MPF solicita investigação de garimpo ilegal em Borba, no Amazonas



Fonte: Agência Cenarium

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