O ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, recebeu no Palácio do Planalto – fora da agenda – um ex-assessor do governo de Sergipe indiciado pela Polícia Federal por ter encomendado um áudio falso do presidente Lula (PT) nas eleições de 2022. O encontro ocorreu na terça-feira 20 e foi divulgado pelo auxiliar do petista nas redes sociais.
Ex-superintendente de comunicação da gestão Belivaldo Chagas, o comunicador Givaldo Ricardo confessou a prática à Justiça e pagou uma multa de 9 mil reais para encerrar a investigação do caso. O valor foi revertido para um fundo público de interesse social, como mostrou CartaCapital em outubro de 2024.
O comunicador esteve no Planalto acompanhado de Priscila Felizola, superintendente do Sebrae Sergipe, onde ele é gerente de comunicação atualmente. A agenda, segundo nota da secretaria-geral, está relacionada à parceria da instituição com a pasta no âmbito do programa Pró-Catador, relançado em 2023 para fortalecer a cadeia produtiva dos catadores de materiais recicláveis.
“Além dele, também estava presente Fausto Duarte, assessor da superintendente. Portanto, eles vieram à reunião acompanhando a superintendente Priscila Felizola, condição sobre a qual o ministro não tem ingerência“, informou o ministério. Sobre o encontro não constar na agenda, o ministério informou que tem prazo de sete dias para registrá-lo nos sistemas do governo federal.
Givaldo e outras duas pessoas foram indiciadas pela PF em julho do ano passado. Os investigadores apontaram que eles supostamente integrariam um organização criminosa com objetivo de “produzir documentos falsos e divulgá-los nas redes sociais para prejudicar” adversários do então governador.
A gravação manipulada simulava críticas de Lula ao senador Rogério Carvalho, que disputava o comando do Executivo estadual no segundo turno contra Fábio Mitidieri (PSD). Não foi possível comprovar se o áudio foi solicitado pela campanha pessedista.
Os investigadores afirmaram à Justiça que Givaldo teria tido a ajuda de Rodrigo Leão dos Santos e Carlos José Walter Costa para tentar prejudicar o senador petista. Foram localizadas mensagens do trio sobre a edição do áudio, assim como uma pasta de projeto nomeada “Belivas/Lula Rogério Não”.
De acordo com a corporação, a edição foi feita por Rodrigo e orientada por Carlos José. Os dois teriam recebido 5 mil reais pelo serviço por parte de Givaldo Ricardo.
Às autoridades, o ex-superintendente e Carlos José ficaram em silêncio. Já Leão negou ter falsificado o áudio e afirmou ter iniciado uma edição destinada a uma página de humor, sem terminar o trabalho.
“O processo de edição envolveu pós-produção, tipicamente utilizado com o objetivo de deixar as edições mais realistas e mais difíceis de serem percebidas, sendo utilizados quatro arquivos de áudio, dois deles para ambientação de ruído de fundo”, observou a PF.
O trio foi enquadrado em dois dispositivos do Código Eleitoral: divulgação de fatos inverídicos para influenciar o eleitorado (art. 323), com aumento de pena em um terço por conta da veiculação em meios de comunicação; e falsificação de documento (art. 349). Também há menção ao crime de associação criminosa.
Por:Carta Capital