O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), fez declarações importantes durante sua delação premiada. Ele revelou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) faziam parte da ala mais radical em torno do ex-presidente após as eleições de 2022.
A delação de Cid foi revelada pelo jornalista Elio Gaspari, do jornal O Globo, e confirmada pela CNN. Durante entrevista à âncora Débora Bergamasco, na quinta-feira (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro comentou sobre o futuro político de seus filhos e da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, nas eleições de 2026.
Grupo Radical e Delação de Mauro Cid
Segundo o ex-ajudante de ordens, a delação premiada cita nove dos 37 indiciados pela Polícia Federal em relação à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O depoimento destaca que três grupos se formaram ao redor de Bolsonaro após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O primeiro grupo, formado por “conservadores”, queria transformar Bolsonaro em um grande líder da oposição. Entre os integrantes estavam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Bruno Bianco, ex-advogado-geral da União.
Já os “moderados” não concordavam com ações radicais, entendendo que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições. Integrantes desse grupo incluíam o general Freire Gomes e o general Paulo Sérgio Nogueira.
Por fim, o grupo dos “radicais” se dividiu em duas frentes: uma que investigava a suposta fraude nas urnas e outra que advogava por um braço armado. Entre os envolvidos estavam o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.
Bolsonaro Sobre os Filhos e Michelle
Em entrevista, Bolsonaro afirmou que seus filhos, especialmente Eduardo Bolsonaro, possuem um “vastíssimo conhecimento de mundo” e seriam boas opções para disputarem as eleições de 2026. Ele também comentou sobre a ex-primeira-dama Michelle, destacando que a ida dela à posse de Trump certamente aumentaria sua popularidade. Bolsonaro não descartou a possibilidade de Michelle se candidatar à Presidência, afirmando que ela estaria bem posicionada nas pesquisas.
Reação à Delação e Defesa de Bolsonaro
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro criticou o que chamou de “vazamentos seletivos”. Em nota, os advogados destacaram a divulgação repetida da delação premiada e alegaram que isso prejudica o direito à ampla defesa, já que os acusados têm acesso limitado ao conteúdo completo das investigações. A defesa também classificou as investigações como “semissecretas” e incompatíveis com o Estado Democrático de Direito.