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‘Manaus é onde a arte dialoga com território e múltiplas vozes’, diz curadora

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Vânia Leal, uma das curadoras da Bienal das Amazônias, compartilhou a importância de Manaus e o Estado do Amazonas (Composição: Paulo Dutra/Cenarium)

28 de março de 2025

Bianca Diniz – Da Cenarium

MANAUS (AM) – A itinerância “Bubuia: águas como fonte de imaginações e desejos” da Bienal das Amazônias chega a Manaus, trazendo uma valorização e reflexão sobre o território e as identidades da região, com curadoria de Vânia Lopes e Kenya Eleison. ‘Bubuia’ reúne 30 obras, expostas na Galeria do Largo e na Casa das Artes, e a mostra apresenta 13 artistas indígenas e não indígenas.

Em entrevista exclusiva à CENARIUM, Vânia Leal, uma das curadoras da Bienal das Amazônias, compartilhou a importância de Manaus e do Estado do Amazonas no contexto da itinerância e o papel da arte na construção da identidade amazônica. Para ela, a cidade é repleta de diversidade e complexidade. “Manaus sempre esteve no nosso horizonte. A cidade é um ponto de interseção de várias culturas e identidades amazônicas, e por isso é essencial para essa itinerância”, afirmou Vânia.

A curadora da Bienal, Vânia Lopes, contou à CENARIUM detalhes sobre a itinerância em Manaus (Bianca Diniz/Cenarium)

Vânia explicou que o processo curatorial da bienal itinerante está alinhado com essa ideia de promover encontros, de reunir artistas de diferentes origens e perspectivas e de refletir sobre o próprio espaço que a sociedade ocupa. “Aqui, a arte não é apenas uma representação do território, ela interage diretamente com ele. Manaus é onde a arte dialoga com o território e as múltiplas vozes da Amazônia”, declarou.

A curadora ressaltou que Manaus abriga uma das maiores concentrações de artistas amazônicos e se destaca como um eixo simbólico para as questões culturais da região. “Manaus, por sua importância histórica e cultural, é um emblema da região. Ela está no centro do nosso projeto porque entendemos que, para a Bienal das Amazônias, é fundamental estabelecer um diálogo com a cidade e seus artistas. Estamos percebendo o quanto a arte amazônica tem se fortalecido, e como ela é um reflexo da luta, da resistência e da criatividade dos povos indígenas e não indígenas da região”, contou à CENARIUM.

Vânia também falou sobre os artistas presentes na exposição e como suas obras criam um “mosaico de sentidos e emoções” por meio de diferentes camadas da realidade amazônica. Artistas como Keila Sankofa, Uyra Sodoma, Manauara Clandestina, Sãnipã, Duhigo Tucano, Iwiri-ki, Lili Baniwa, Denilson Baniwa e Paulo Desana são responsáveis por provocar uma tal percepção sobre a relação entre arte, natureza e identidade na Amazônia.

A pluralidade desses artistas reflete as complexas camadas da Amazônia. Por um lado, temos a produção de artistas manauaras que lidam com as especificidades locais, enquanto, por outro, temos artistas indígenas que trazem suas próprias tradições e criam uma ponte entre as gerações e os tempos. O que vemos é a celebração da diversidade que habita a Amazônia, e como isso se traduz em diversas linguagens artísticas”, declarou Vânia.

Produção

Responsável pela produção do evento em Manaus, a cantora e produtora Elisa Maia destaca a importância da itinerância na cidade e o impacto do processo artístico local. À CENARIUM, ela ressaltou o valor da experiência e do envolvimento com os artistas amazonenses.

Artista amazonense, Elisa Maia integra produção local do evento (Bianca Diniz/Cenarium)

“Tem sido um processo muito interessante e enriquecedor fazer a produção local neste projeto. Acompanhar todo o processo de montagem, apreciar também o trabalho de todos os artistas envolvidos, inclusive porque a maioria são artistas amazonenses. Uma grande honra, um grande prazer poder fazer parte disso”, declarou Elisa.

Itinerância

A itinerância em Manaus também conta com uma programação diversificada, incluindo workshops e rodas de conversa. Um dos destaques é a “Leitura de Portfólio para Artistas de Manaus”, promovida por Vânia Leal, nesta quinta-feira, 27, com o objetivo de promover diálogos. “A minha expectativa com esses workshops e rodas de conversa é criar um espaço de troca e aprendizado. Arte não é só contemplação; é um processo ativo de questionamento e reflexão. Queremos que o público e os artistas possam dialogar de forma mais profunda, discutindo não só as obras, mas o próprio lugar que ocupamos na sociedade e na cultura amazônica”, disse Vânia.

A Bienal das Amazônias já percorreu diversas cidades, incluindo Marabá e Canaã dos Carajás (PA), São Luís (MA), Boa Vista (RR), Macapá (AP), Medellín (Colômbia) e Bogotá (Colômbia). Após sua passagem por Manaus, a Bienal seguirá ampliando as fronteiras da arte amazônica, levando a produção local a novos públicos e contextos, e reforçando o protagonismo da Amazônia no cenário artístico global.

Em Manaus, a 5ª Itinerância Bubuia da 1ª Bienal das Amazônias permanece em exibição até 30 de maio, com entrada gratuita. O evento acontece de 15h às 20h na Galeria do Largo e na Casa das Artes, ambas localizadas no Largo de São Sebastião, no coração do Centro Histórico da cidade.

Banner de divulgação do evento (Reprodução/Redes Sociais)

A 1ª Bienal das Amazônias é realizada por meio da Lei de Incentivo Federal à Cultura Rouanet, com patrocínio do Instituto Cultural Vale. O projeto tem a realização da Bienal das Amazônias, Apneia Cultural, Sinapses Produção Contemporânea, Ministério da Cultura e governo federal.

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Editado por Izaías Godinho
Revisado por Gustavo Gilona





Fonte: Agência Cenarium

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