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quinta-feira, 17 abril, 2025
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Israel manterá zona-tampão em Gaza, diz ministro, enquanto trégua estagna

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As tropas israelenses permanecerão nas zonas de segurança criadas em Gaza mesmo após qualquer acordo para encerrar a guerra, disse o Ministro da Defesa, Israel Katz, na quarta-feira (16), enquanto os esforços para reativar um acordo de cessar-fogo fracassaram.

Desde a retomada das operações militares no mês passado, as forças israelenses criaram uma ampla “zona de segurança” que se estende para o interior de Gaza e empurra mais de 2 milhões de palestinos para áreas cada vez menores no sul e ao longo da costa.

“Ao contrário do passado, as Forças de Defesa de Israel (IDF) não estão evacuando áreas que foram limpas e tomadas”, disse Katz em um comunicado após uma reunião com comandantes militares.

“As IDF permanecerão nas zonas de segurança como uma barreira entre o inimigo e as comunidades em qualquer situação temporária ou permanente em Gaza – como no Líbano e na Síria.”

Em um resumo de suas operações no último mês, o exército israelense afirmou que agora controla 30% do território palestino.

No sul de Gaza, as forças israelenses tomaram a cidade de Rafah e avançaram para o interior, até o chamado “corredor Morag”, que vai do extremo leste de Gaza até o Mar Mediterrâneo, entre Rafah e a cidade de Khan Younis.

A região já mantinha um amplo corredor através da área central de Netzarim e estendeu uma zona de proteção ao redor da fronteira por centenas de metros para o interior, incluindo a área de Shejaia, a leste da Cidade de Gaza, ao norte.

Israel afirma que suas forças mataram centenas de combatentes do Hamas, incluindo muitos comandantes seniores do grupo militante palestino, desde 18 de março, mas a operação alarmou as Nações Unidas e os países europeus.

Mais de 400 mil palestinos foram deslocados desde o reinício das hostilidades em 18 de março, após dois meses de “calma”, segundo a agência humanitária da ONU OCHA, e ataques aéreos e bombardeios israelenses mataram pelo menos 1.630 pessoas.

A organização humanitária MSF afirmou que Gaza se tornou uma “vala comum”, com grupos humanitários lutando para fornecer ajuda.

“Estamos testemunhando em tempo real a destruição e o deslocamento forçado de toda a população em Gaza”, disse Amande Bazerolle, coordenador de emergência da MSF em Gaza, em comunicado.

Katz disse que Israel, que bloqueou a entrega de suprimentos de emergência ao território desde o início de março, estava criando infraestrutura para permitir a distribuição por meio de empresas civis, mas que o bloqueio permaneceria em vigor.

Ele disse que Israel buscaria um plano para permitir que os moradores de Gaza que deixassem o enclave, embora ainda não esteja claro quais países estariam dispostos a aceitar um grande número de palestinos.

Linhas vermelhas

Os comentários de Katz, repetindo a exigência de Israel ao Hamas para se desarmar, ressaltam o quão distantes os lados permanecem de um acordo de cessar-fogo, apesar dos esforços dos mediadores egípcios para retomar as iniciativas de um acordo.

O Hamas descreveu repetidamente os apelos ao desarmamento como uma linha vermelha que não cruzará e afirmou que as tropas israelenses devem se retirar de Gaza sob qualquer cessar-fogo permanente.

“Qualquer trégua sem garantias reais para interromper a guerra, alcançar a retirada total, suspender o bloqueio e iniciar a reconstrução será uma armadilha política”, afirmou o Hamas em um comunicado na quarta-feira.

Duas autoridades israelenses disseram esta semana que não houve progresso nas negociações, apesar dos relatos da mídia sobre uma possível trégua para permitir a troca de alguns dos 59 reféns ainda mantidos em Gaza por prisioneiros palestinos.

Autoridades israelenses disseram que o aumento da pressão militar forçará o Hamas a libertar os reféns, mas o governo tem enfrentado grandes manifestações de israelenses exigindo um acordo para interromper os combates e recuperá-los.

Israel lançou sua guerra em Gaza em resposta ao ataque do Hamas ao sul de Israel em outubro de 2023, que matou 1,2 mil pessoas e fez 251 reféns, segundo dados israelenses.

A ofensiva matou pelo menos 51 mil palestinos, segundo autoridades de saúde locais, e devastou o enclave costeiro, forçando a maior parte da população a se deslocar diversas vezes e reduzindo amplas áreas a escombros.

Na quarta-feira, autoridades médicas palestinas informaram que ataques militares israelenses em toda a Faixa de Gaza mataram pelo menos 35 palestinos. Um ataque aéreo matou 10 pessoas, incluindo Fatema Hassouna, uma conhecida escritora e fotógrafa que havia documentado a guerra.

Outro ataque aéreo a um acampamento em Khan Younis, ao sul do enclave, matou pelo menos outras 10 pessoas, disseram médicos. As demais foram mortas em ataques militares separados em outras áreas.

O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirmou que a suspensão israelense da entrada de combustível, suprimentos médicos e alimentos começou a obstruir o trabalho dos poucos hospitais em funcionamento, com o estoque de suprimentos médicos se esgotando.

“Centenas de pacientes e feridos estão privados de medicamentos essenciais, e seu sofrimento está piorando devido ao fechamento das passagens de fronteira”, disse o ministério.



Fonte: CNN Brasil

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