O Itamaraty informou, por meio de nota, que a ação de espionagem não foi solicitada no governo Luma, mas durante o governo Bolsonaro (Composição: Paulo Dutra/Cenarium)
31 de março de 2025
Jadson Lima – Da Cenarium
MANAUS (AM) – O Ministério de Relações Exteriores (MRE) negou, nesta segunda-feira, 31, o suposto envolvimento do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em qualquer ação de inteligência contra autoridades do Paraguai entre 2022 e 2023. A informação sobre a ação de espionagem foi revelada pelo site UOL. De acordo com a reportagem, a ação começou a ser planejada na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas foi autorizada em março de 2023, sob a gestão de Lula.
Em nota divulgada à imprensa, o Itamaraty atribuiu ao governo Bolsonaro (2019-2022) a autorização para a ação de inteligência contra o País vizinho, que também integra o bloco Mercosul. O governo Lula também menciona que a operação foi paralisada pelo então diretor interino da Agência Brasileira de Inteligência em 27 de março de 2023 “tão logo a gestão tomou conhecimento do fato”.
“O governo do Presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria. A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato“, diz trecho da nota.

O comunicado menciona que o atual diretor da Agência de Inteligência, Luiz Fernando Corrêa, assumiu o cargo dois meses após a paralisação da operação, em 29 de maio, e que em março o seu nome ainda estava em processo de aprovação no Senado Federal. “O atual diretor-geral da ABIN encontrava-se, naquele momento, em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo em 29 de maio de 2023”, diz outro trecho.
A reportagem publicada no site UOL revela que a ação da Abin teria acessado computadores de autoridades paraguaias para obtenção de informações de caráter sigiloso em meio à negociações de taxas na usina hidrelétrica de Itaipu, localizada no Rio Paraná, no trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A menção à ação consta em um inquérito da Polícia Federal (PF), que apura o uso ilegal da Abin sob o governo Bolsonaro para monitoramento de autoridades e opositores.
De acordo com as informações reveladas, a operação aconteceu meses antes de o governo brasileiro fechar um novo acordo sobre tarifas pagas ao Paraguai por energia vendida ao Brasil, em maio do ano passado. O agente não explicou, no entanto, se as informações obtidas na operação foram usadas para favorecer o Brasil na negociação. A PF apura as circunstancias da ação e se houve ilegalidade.
Leia a nota do Itamaraty na íntegra:
“O governo do Presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria. A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato.
O atual diretor-geral da ABIN encontrava-se, naquele momento, em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo em 29 de maio de 2023.
O governo do Presidente Lula reitera seu compromisso com o respeito e o diálogo transparente como elementos fundamentais nas relações diplomáticas com o Paraguai e com todos seus parceiros na região e no mundo.“
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Editado por Izaías Godinho
Fonte: Agência Cenarium