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segunda-feira, 12 maio, 2025
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Erupção no fundo do mar: cientistas testemunham evento raro

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Uma equipe de cientistas testemunhou recentemente uma rara erupção no fundo do mar a 2.090 quilômetros a oeste da Costa Rica, ao longo da Dorsal do Pacífico Leste. O fenômeno era esperado há mais de sete ano e abre caminhos para novos estudos sobre fontes hidrotermais e a vida no oceano profundo.

A missão a bordo do navio de pesquisa Atlantis incluiu um grupo de cientistas e estudantes da Universidade de Delaware, do Instituto Politécnico Rensselaer (RPI) e da Universidade Técnica do Oriente Médio.

Desde 11 de abril, o grupo realizou uma série de mergulhos no submersível de pesquisa Alvin, de propriedade da Marinha dos EUA, como parte do programa National Deep Submergence Facility. O objetivo era estudar a influência das fontes hidrotermais no movimento do carbono orgânico dissolvido nas profundezas do oceano.

Before and after eruption at Tica hydrothermal vent

Pesquisas de longa data

A região tem sido foco de pesquisas desde 1991 na tentativa de compreender como os ecossistemas baseados nas fontes hidrotermais se recuperaram mesmo após erupções vulcânicas recorrentes, com intervalos de 15 a 20 anos.

Dessa vez, os mergulhos foram realizados por dois cientistas e um piloto, com duração de oito a 10 horas por dia, a uma profundidade máxima de 6.500 metros. No dia 28 de abril, a equipe visitou o local conhecido como fonte hidrotermal de Tica, a cerca de 2.500 metros abaixo da superfície. 

Foi quando testemunharam um vibrante ecossistema de vermes tubulares, mexilhões, caranguejos, peixes e outros animais reunidos em torno de imponentes fontes hidrotermais que expelem fluidos quentes (mais de 430 °C), carregados de substâncias químicas e ricos em sulfeto de hidrogênio.

Através da água turva após a rara erupção, o grupo dentro do submarino pôde ver basalto fresco (Imagem: Universidade de Delaware)

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Mas no dia seguinte…

A equipe se deparou com um cenário bem diferente, com a temperatura da água ligeiramente mais elevada. Foi quando os cientistas perceberam que o local estava estéril, havia desaparecido completamente.

Através da água turva, o grupo dentro do submarino pôde ver basalto fresco — lava endurecida — cobrindo grupos mortos de vermes tubulares. Eles também viram lava derretida surgindo brevemente antes que a água do mar quase congelante a fizesse endurecer.

Os mergulhadores decidiram encerrar o mergulho, mas não deixaram de coletar o máximo de dados possíveis no que aparentava ser o cenário perfeito de um caldeirão. 

Equipe também viu flashes de lava derretida antes que a água do mar a fizesse endurecer (Imagem: Universidade de Delaware)

“Esta é a primeira vez que teremos análises químicas de amostras de água durante uma erupção e será inestimável para documentar o processo de erupção e como ele afeta a química das águas do fundo à medida que são dispersas do campo de ventilação para o oceano”, disse George Luther, professor emérito da Universidade de Delaware. 

Os químicos agora poderão aprender como a composição dos fluidos hidrotermais mudou antes e depois da erupção. E os biólogos começarão novamente a documentar como o ecossistema muda nos próximos anos, à medida que o local for recolonizado.

“Em qualquer região vulcânica ativa, há um ciclo de morte e renascimento”, disse Sasha Wagner, professora assistente de ciências da terra e ambientais no RPI, que visitou Tica diversas vezes nas semanas que antecederam a erupção. “Hoje, testemunhamos o fim da parte viva e vibrante desta comunidade. Foi destrutivo, mas, ao mesmo tempo, é uma oportunidade de renascimento.”



Fonte: Olhar Digital

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