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segunda-feira, 23 dezembro, 2024
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Eleição é chance para candidato que quer se dar bem e miseráveis sociais

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Neste ano, os sete concorrentes ao cargo de prefeito propõe ações pontuais que visam atender uma necessidade imediata de cidadãos manauaras. A prática é chamada de assistencialismo, pois ocorre sem compromisso com a transformação social

Entre as propostas estão a concessão de auxílio financeiro a famílias de baixa renda (proposta de Roberto Cidade, Wilker Barreto e Marcelo Ramos), de auxílio aluguel (proposta de Amom Mandel), de passagens gratuitas no transporte público para trabalhadores desempregados (proposta de Gilberto Vasconcelos) e a expansão de restaurantes populares (proposta de David Almeida).

Para o professor Ademir Ramos, trata-se de um reflexo da extrema pobreza que existe hoje em todo o país. “O cenário nacional é de extrema pobreza, sem perspectiva de trabalho, sem perspectiva de emprego, sem perspectiva de acesso às necessidades básicas. Isso configura desigualdade social. Então, nessa situação, na linguagem popular, se diz que o povo está vendendo almoço para comprar a janta”, afirma Ademir.

De acordo com o professor, candidatos se aproveitam da situação socioeconômica do eleitor para “pescar” votos. Para isso, trabalham naquilo que é concreto. “Aquilo que é concreto é a vontade do povo. O que o povo quer? O povo quer comer. O povo está com fome. O povo quer comida e não tem perspectiva nenhuma. Nem nacional e nem estadual”, afirmou o professor.

“A situação é imoral. Mas é assim que se faz a política. Não é como eu gostaria que fosse”, completou.

Ademir Ramos avalia que, nessa situação de desigualdade, “quanto pior a situação do povo, melhor para aqueles candidatos populistas e assistencialistas, que passam a pescar o peixe com uma determinada promessa”. “Leso é aquele acredita”, afirmou Ademir.

Para o professor, ao aceitar propostas assistencialistas, o eleitor transforma o próprio voto em “moeda de troca”. “O povo não fica acreditando apenas nas promessas. O povo está atrás de moeda de troca. O povo é trocado em cima dessas promessas. Promessas mais concretas e etc”, disse Ademir.

“A eleição para esses miseráveis sociais é uma oportunidade de negócio. Oportunidade de negócio para o povo e oportunidade de negócio para os candidatos. Então, eles têm uma prática assistencialista, uma prática populista, que fazem do povo aquela situação de refém da vontade do candidato. O povo fica refém da vontade do candidato, em termos de economia e política”, completou.

Consequências

De acordo com Ademir, a consequência da “troca” do voto por ações populistas é a existência de mais candidatos oportunistas e as instituições democráticas fragilizadas.

“Os candidatos são cada vez mais oportunistas, fisiologistas. Os candidatos, na verdade, estão trocando voto. Em uma linguagem popular, eles estão se vendendo. É uma corrupção do voto. É uma desqualificação do processo democrático”, disse.

“Aí nós teremos instituições fragilizadas. O parlamentar, o vereador ou o prefeito se elege sem nenhum compromisso popular. Ele vai dizer: ‘eu comprei’. Em outras palavras, ele vai dizer que comprou o voto. A situação é gravíssima em termos de democracia”, completou.

Além disso, o risco de aceitar as práticas populistas é eleger políticos sem compromisso com questões sociais e defesa das instituições democráticas.

“O que ele [candidato] quer, na verdade, é se dar bem. O voto se torna um mercado e o eleitor se torna um produto. Da mesma forma que o candidato é um produto manipulado pelos marqueteiros. A conjuntura é essa, de um miserê total”, afirmou Ademir.

“O candidato vem como se fosse uma dimensão messiânica para salvar o povo dessa fome. Por mais que não tenha, ele vai dizer que tem. Que tem dinheiro, que tem poder. Leso é o povo que acredita”, completou o professor.

“A cidadania fica fraqueza, a soberania violada, e o candidato entende como se fosse o dono do mandato”, disse Ademir Ramos.

Combate

De acordo com o professor, a situação se combate com políticas públicas. “Esse cenário denuncia o descaso do governo federal com políticas públicas, o descaso da política estadual em relação às políticas públicas, e o descaso das políticas municipais”, disse.

“Mostra o descompromisso do parlamento, do Congresso, da Câmara federal, da assembleia legislativa e da câmara municipal em relação à qualidade de vida do povo brasileiro. Eles querem é se dar bem. O povo, como dizia o Chico Anísio, que se exploda”, completou.

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