O câncer de pele é o mais frequente no Brasil e no mundo, representando cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). E, embora as taxas de cura sejam altas, há subtipos graves que podem levar à metástases (quando o tumor se espalha para outras regiões do organismo).
O tema será discutindo no “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (24). Nele, o Dr. Roberto Kalil entrevista Marco Antônio Oliveira, dermatologista do Hospital A.C. Camargo, e Paula Bellotti, também dermatologista.
O câncer de pele pode ser dividido em dois tipos: melanoma e não melanoma, sendo o segundo o mais frequente no Brasil. Apesar disso, o melanoma é o tipo mais grave, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase.
Segundo Oliveira, os carcinomas se desenvolvem de maneira mais lenta, e permitem mais tempo entre diagnóstico e o tratamento. “Já o melanoma, não. Ele é um tumor mais agressivo, que gera metástase e que pode levar a óbito se não tratado precocemente”.
Porém, de acordo com Paula Bellotti, cerca de 80% dos brasileiros desconhecem o melanoma. “Muitas vezes, a pessoa não sabe nem que a pele é um órgão, e não fica atento ao diagnóstico precoce, que dá 90% de chance de cura”, afirma.
Os dois principais fatores de risco são a predisposição genética e a exposição solar, principalmente sem proteção. Os especialistas alertam que o sol tem efeito cumulativo sobre a pele.
“A gente se expõe desde a infância, adolescência, até a vida adulta. Nessa fase jovem, a gente ia lá, tomava sol, ficava vermelho, descascava e achava que ficava por aí. Hoje a gente sabe que não. O sol vai machucando a nossa pele e o DNA da célula todos os dias, aos pouquinhos. E ele sempre vai levar de 10 a 20 anos para mostrar o efeito deletério na nossa pele”, afirma Oliveira.
Por isso, os especialistas reforçam: protetor solar e exposição ao sol fora do horário de pico de radiação ultravioleta, que é entre 11h e 15h.
Bellotti também ressalta a importância do uso de proteção solar nas crianças. “A queimadura por sol na infância aumenta – e muito – o risco de desenvolvimento de câncer de pele na vida adulta. Por isso, a partir dos seis meses de idade a gente já pode utilizar a proteção solar nas crianças”, afirma.
Cultura do bronzeamento é vilã contra a pele
Durante a conversa, ambos os dermatologistas alertam para a cultura do bronzeamento, popular no Brasil.
“Eu, na minha época, cheguei a passar Coca-Cola no corpo, urucum (para bronzear). Mas a gente não tinha essa informação toda. E hoje é inacreditável o que ainda existe”, diz Bellotti, referindo-se a notícias falsas e às mídias sociais. “São absurdos que a gente tenta desmistificar, porque a desinformação é muito grande e grave”, alerta.
O mesmo vale para o bronzeamento artificial. Embora as câmaras de bronzeamento estejam proibidas no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os dermatologistas explicam que ainda há quem faça, apesar dos riscos.
“Não existe dose de segurança, mesmo calibrando uma lâmpada, você não tem como garantir que aquela irradiação vai ser segura para a formação de um câncer de pele”, disse Oliveira.
Sinais de alerta para câncer de pele
Entre os principais sintomas de câncer de pele estão manchas que coçam, descamam ou sangram; sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor; e feridas que não cicatrizem em quatro semanas.
“A gente tem a regra do ‘ABCDE’. Então, ‘assimetria’, ou seja, um lado é diferente do outro. Depois, as ‘bordas’ dessa mancha ou dessa pinta são irregulares. A ‘cor’ em várias tonalidades, que vai desde o marrom, preto, azul, vermelho. Depois, a ‘dimensão’, ou seja, [é importante] ficar atento a lesões maiores que seis milímetros. E a ‘evolução’ também de uma mancha. Por exemplo, sangrou, alterou cor, aumentou de tamanho…” enumera Bellotti.
As áreas mais afetadas do corpo são exatamente aquelas mais expostas ao sol. “Mas isso não ignifica que você não possa ter um câncer de pele em áreas não expostas”, afirma a dermatologista.
Inclusive, os especialistas desmistificam a ideia de que pele negra não tem câncer de pele. “Peles claras são mais suscetíveis, mas peles negras também podem ter câncer de pele, que se comporta de maneira diferente e, por isso mesmo, nem sempre são diagnosticados precocemente”, diz Bellotti.
O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 24 de maio, às 19h30, na CNN Brasil.
Fonte: CNN Brasil