O presidente Lula (PT) lamentou nesta terça-feira 13 a morte do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, uma das principais lideranças progressistas da América Latina. Lula, que está em Pequim, na China, ressaltou a trajetória de Mujica, que lutou contra a ditadura uruguaia e liderou o País entre 2010 e 2015.
“Sua vida foi um exemplo de que a luta política e a doçura podem andar juntas. E de que a coragem e a força podem vir acompanhadas da humildade e do desapego. Em seus quase 90 anos de vida, Mujica combateu fervorosamente a ditadura que um dia existiu em seu país. Defendeu, como poucos, a democracia. E nunca deixou de militar pela justiça social e o fim de todas as desigualdades.”, disse.
Para o presidente, a história de Pepe ultrapassou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial, deixando um legado para toda a região. “Sua forma de compreender e explicar os desafios do mundo atual continuará guiando os movimentos sociais e políticos que buscam construir uma sociedade mais igualitária”.
“Que o amor que Mujica sempre distribuiu ao povo seja agora recebido de volta pela querida Lucía Topolsky e pelos seus familiares, amigos e companheiros. E que o conforto chegue logo aos seus corações”, completou. Em um pronunciamento em Pequim, na China, Lula disse que pretende comparecer ao funeral de Mujica.
Lula e o ex-presidente nutriam uma amizade e afinidade durante décadas. Em dezembro do ano passado, durante visita a Montevidéu, Lula condecorou o ex-presidente com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração oferecida pelo Brasil a cidadãos estrangeiros. Na ocasião, o presidente referiu-se a Mujica como “a pessoa mais extraordinária” entre os presidentes com quem conviveu.
Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores descreveu Pepe como um “grande amigo do Brasil” e um dos mais importantes humanistas de nossa época.
“O legado de “Pepe” Mujica permanecerá, guiando todas e todos aqueles que genuinamente acreditam na integração de nossa região como caminho incontornável para o desenvolvimento e na nossa capacidade de construir um mundo melhor para as futuras gerações”, disse o texto.
Quem foi Pepe Mujica
Mujica nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai, em 20 de maio de 1935, e estava prestes a completar 90 anos. Ele foi o 40º presidente do Uruguai, exercendo seu mandato entre 2010 e 2015.
A presidência de Mujica deixou marcas de avanços sociais e econômicos ao Uruguai, mas se sobressaiu, principalmente, pela imagem do mandatário, associada à escolha de levar uma vida simples, distante de ostentações.
Pepe Mujica trocou a trocou a residência oficial, o Palácio de Suárez y Reyes, pela permanência em sua chácara, de nome La Puebla, nos arredores de Montevidéu. “Eu não sou pobre , eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo com apenas o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade”, declarou, à época.
Como presidente, também doava 90% do próprio salário para um fundo que alimenta o programa governamental de moradias populares. Ele tinha um Fusca ano 1987 como bem declarado.
Sob a presidência de Mujica, em 2013, o Uruguai deu início ao longo processo que culminaria com a liberação da maconha no país. Além das transformações culturais e legais, a esquerda uruguaia, com Mujica e Tabaré Vázquez à frente, conseguiu fazer com que o PIB per capita crescesse três vezes – passando de 4.720 para 15.560 dólares.
Após cumprir o mandato presidencial de cinco anos, Mujica exerceu o cargo de senador até outubro de 2020, quando renunciou. Em uma carta lida em uma sessão extraordinária no Senado, Pepe Mujica justificou a decisão antecipada pelo cenário da pandemia, associado a fatores de risco. Mujica tinha uma doença autoimune chamada Síndrome de Strauss, que, com a idade avançada, o coloca no grupo de risco para a Covid-19.
Por:Carta Capital