O decreto e o recuo do governo Lula (PT) sobre a mudança no Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF, ofuscou outra medida considerada importante lançada pelo petista nesta semana: a MP da reforma do setor elétrico. É o que avaliam integrantes do Palácio do Planalto, que consideram que o “embaraço” poderia ter sido evitado.
A principal controvérsia foi o anúncio não oficial do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), sobre o aumento do IOF. O ministro anunciou a medida, na B3, em São Paulo, 15 minutos antes da entrevista coletiva dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, que estava marcada para a quinta-feira 22.
A ideia de Fernando Haddad (PT) era anunciar o aumento do imposto depois que o mercado financeiro fechasse, às 17h. Pegou mal para o ministro dos Transportes, que horas depois disse que ficou sabendo do aumento pela imprensa. O anúncio não oficial, no entanto, havia sido gravado por várias emissoras e jornais.
Diante da polêmica, o ministro Haddad foi questionado por volta das 15h sobre o vazamento. De forma ríspida, o petista afirmou que nem sua pasta, nem a da ministra Simone Tebet (MDB), foram responsáveis por vazar a informação, pois ambas seguiram todos os protocolos estabelecidos. “Nós seguimos o protocolo. Se alguém não seguiu, o problema é dessa pessoa”, declarou.
Horas depois, às 23h, o Ministério da Fazenda recuou parcialmente sobre aplicações de fundos de investimentos do Brasil em ativos no exterior. Essa alíquota era zero, mas subiria a 3,5% com o decreto. Agora, volta a zero.
A decisão ocorreu em uma reunião de emergência no Palácio do Planalto com os ministros da Casa Civil, Rui Costa (PT); das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT); e da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira.
Barulho nas redes
As redes sociais e a imprensa só falaram do IOF. Memes com os de “Taxad” voltaram à tona, sendo monitorados pela Secom. Até a “ameaça Nikolas Ferreira (PL-MG)” foi considerada – pensando que o deputado poderia produzir novos vídeos contestando ações do governo.
A avaliação é que o enrosco ofuscou a MP do setor elétrico, que ampliará a isenção na conta de luz e poderá beneficiar até 60 milhões de pessoas.
O governo preparava uma cerimônia para o lançamento da MP na quinta-feira, 15 de maio, mas o evento foi cancelado pelo comparecimento de Lula ao velório do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica.
Na prática, a assinatura aconteceu sem qualquer pompa, em uma reunião fechada no Palácio do Planalto com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Para tentar dar mais visibilidade à medida, que está na esteira das ações que o governo considera como cruciais para recuperar a popularidade cambaleante, a Secom prepara uma grande ação publicitária sobre a nova tarifa social. A ideia é que peças sejam exibidas nas emissoras de TV e na internet destacando como uma das mais importantes medidas da terceira gestão de Lula, como disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Por:Carta Capital