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quinta-feira, 22 maio, 2025
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Crise do INSS ‘consumiu’ a recuperação da imagem do governo Lula, avalia Lavareda – CartaCapital

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O cientista político e coordenador do Ipespe, Antonio Lavareda, avaliou que a crise envolvendo a fraude bilionária em benefícios do Instituto Nacional de Seguridade Social, o INSS, “consumiu” parte do processo de recuperação na imagem do governo Lula (PT).

Um levantamento do instituto, divulgado nesta quinta-feira, aponta que 54% dos brasileiros desaprovam a gestão do petista ante 40% que dizem aprová-la. Os números são muito próximos aos registrados no último levantamento do Ipespe, feito em março, com pequenas oscilações dentro da margem de erro (que é de 2 pontos percentuais).

“A crise do INSS devolveu praticamente a aprovação do governo aos patamares de março”, disse Lavareda em entrevista a CartaCapital. “Isso, por assim dizer, consumiu o processo de recuperação de imagem do governo federal. Como era de se esperar, desgastou a imagem do governo e prejudicou aquele processo de recuperação que havia sido observado em abril”.

Os descontos indevidos nos contracheques de aposentados e pensionistas teriam começado em 2019, sob a gestão de Jair Bolsonaro (PL), mas aumentaram durante os primeiros anos do mandato petista, de acordo com as investigações da Polícia Federal. Após o esquema vir a público, o governo mandou suspender as deduções e estuda formas de ressarcir os beneficiários lesados.

As denúncias sobre o INSS foram citadas por 30% dos entrevistados pelo Ipespe quando perguntados sobre as notícias sobre o governo consumidas nas últimas semanas. O Planalto ainda estuda formas de conter possíveis impactos negativos na sua imagem causados pela crise, movimento que não foi capturado pela pesquisa.

A queda na popularidade de Lula tem sido retratada em sondagens divulgadas desde o final do ano passado. Inicialmente, integrantes do governo – e o próprio presidente – atribuíram as oscilações a falhas na comunicação institucional, o que levou à demissão do deputado federal Paulo Pimenta (PT) da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência.

No lugar do petista entrou o publicitário Sidônio Palmeira, que atualizou a linguagem das redes sociais de Lula e tem apostado na comparação com Bolsonaro para convencer o eleitorado do que o País está em um processo de melhora. Essa estratégia ficou evidente, por exemplo, no evento O Brasil Dando a Volta Por Cima, ocorrido em março.

Há no radar do Planalto mudanças em pastas estratégicas, como a Secretaria-Geral da Presidência. A pasta hoje chefiada por Márcio Macêdo é responsável pelo diálogo com os movimentos sociais, mas a gestão do petista tem sido alvo de críticas. A última troca na Esplanada foi no Ministério das Mulheres, onde o desempenho da agora ex-ministra Cida Gonçalves era considerado insuficiente.

Para o coordenador do Ipespe, porém, o principal fator para a avaliação negativa é a condução da economia. Ele aponta que o governo tem tentado reagir à queda na popularidade com a isenção na conta de luz para 60 milhões de brasileiros e do imposto de renda aos contribuintes que ganham até 5 mil reais mensais, mas pondera que as ações não são suficientes.

A maioria da população continua achando que a economia do País segue no rumo errado. E isso está associado a várias coisas, mas duas delas são importantes: a inflação de alimentos que cedeu um pouco, mas não foi interrompida e persiste, e a taxa de juros nas alturas [a Selic hoje está em 14,75% ao ano], que atinge uma população em sua maior parte endividada”, observa Lavareda.

O desempenho do presidente nas pesquisas tem preocupado auxiliares, sobretudo em razão da proximidade das eleições de 2026. A esperança de pessoas próximas ao presidente uma guinada na reta final do mandato.

“Se o governo conseguir elevar sua taxa de aprovação para um patamar entre 45 e 50%, [Lula] será competitivo na eleição presidencial”, avalia Lavareda. “Nos patamares baixos de hoje, se eles viessem a ser mantidos, obviamente o governo enfrentaria uma eleição duríssima, para dizer o mínimo”.



Por:Carta Capital

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