Enquanto o resto do Brasil e do mundo observa as consequências da estiagem de 2023 no Amazonas, surgem diversas dúvidas sobre os motivos que levaram às cenas dramáticas vistas nos últimos meses. Ao todo, 55 municípios do Amazonas já entraram em situação de emergência devido à seca. A previsão é que mais de 500 mil pessoas sejam afetadas até o final do ano.
Manaus corre o sério risco de bater o recorde de 2010 de maior seca já registrada. Se naquele ano o nível do Rio Negro baixou para 13,63 metros, em 2023 já está em 16,11 metros, e ainda temos mais dois meses até o início do período de chuvas.
1) Emergência Climática Previsível
Eventos climáticos extremos como esta seca são previsíveis no cenário do clima global. Em outubro de 2022, a Dra. Luciana Gatti, pesquisadora titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), alertou para a gravidade da situação, defendendo que o governo federal decretasse estado de emergência na região imediatamente. Isso ocorreu em março, pelas mãos da ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva.
2) El Niño e La Niña
Dois fenômenos climáticos, El Niño e La Niña, desempenham um papel significativo na estiagem recorde da Amazônia em 2023. A mudança na temperatura do oceano Pacífico Equatorial tem efeitos no clima do planeta inteiro, afetando a circulação atmosférica, o transporte de umidade, a temperatura e a precipitação (chuvas). Com o aquecimento do oceano e o enfraquecimento dos ventos, mudanças na circulação atmosférica em níveis baixos e altos ocorrem, determinando alterações nos padrões de transporte de umidade. Em outras palavras, o regime de chuvas é influenciado, podendo ser maior ou menor dependendo da região. Essas mudanças também podem levar a aumentos ou quedas de temperatura em várias partes do globo.
3) Aumento da Seca e Sensação Térmica
A prolongada estiagem e extremos térmicos na região já eram previstos. Em março de 2021, relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertavam sobre o aumento da temperatura global e seus efeitos, prevendo um aumento da estiagem na Amazônia em até 40 dias, resultando na morte da vegetação por falta d’água.
4) Queimadas no Amazonas
A combinação de queimadas na floresta Amazônica e o clima mais seco provocado pelo El Niño intensificou os focos de queimadas na região, gerando mais fumaça. Manaus registrou níveis de qualidade do ar entre os piores do mundo.
5) Impacto nas Populações Vulneráveis
Populações socialmente vulneráveis são as mais atingidas por esses fenômenos. Em 2021, especialistas alertaram sobre o impacto direto sobre as populações do interior, que enfrentam ameaças como crise hídrica, colapso da produção agrícola e pesqueira, crise energética e movimentos migratórios.
Destruição Ambiental no Brasil
O Brasil viu um aumento nas taxas de destruição ambiental nos últimos anos, com emissões de carbono da Amazônia dobrando entre 2019 e 2020. Isso se deveu à queda na aplicação das leis de proteção ambiental, aumento do desmatamento e crescimento do agronegócio.
Compreender esses pontos é fundamental para abordar a crise climática no Amazonas e suas implicações para a região e o mundo.