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segunda-feira, 19 maio, 2025
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Criador da bomba termonuclear escondeu segredo por décadas

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Richard Garwin, reconhecido como o “pai” da bomba termonuclear (também chamada de bomba de hidrogênio ou bomba H), faleceu na última semana, aos 97 anos. O que muita gente não sabe é que ele manteve em segredo, por 50 anos, um dos detalhes mais importantes sobre o desenvolvimento de uma das armas mais letais já criadas pela humanidade.

Garwin tinha apenas 23 anos quando projetou o primeiro dispositivo termonuclear funcional, baseando-se nos conceitos teóricos de Edward Teller e Stanislaw Ulam. No entanto, ninguém soube disso durante décadas.

A bomba termonuclear foi desenvolvida no famoso laboratório de Los Alamos (o mesmo onde Oppenheimer liderou a criação da primeira bomba atômica). O primeiro teste da bomba H explodiu com uma força quase mil vezes mais poderosa que a bomba atômica que destruiu Hiroshima – um poder maior do que todos os explosivos usados na Segunda Guerra Mundial, o que chocou o mundo.

richard garwin
(Imagem: Marianne Weiss / CTBTO Science and Technology conference / Wikimedia Commons)

Segredo guardado por décadas

Apesar de líderes americanos e outros cientistas saberem a verdade, Teller foi considerado o “pai” da bomba H até 1981, quando ele mesmo reconheceu o papel crucial de um de seus cientistas mais jovens na criação da arma. “O teste foi realizado quase exatamente de acordo com o projeto de Garwin”, admitiu Teller.

Segundo Garwin, o design inicial da bomba H, proposto por Edward Teller, não teria funcionado. Ele havia feito uma modificação crítica no esquema de ignição termonuclear, essencial para o sucesso do teste, fato revelado em detalhes apenas 50 anos depois.

Essa alteração foi tão vital que, sem ela, o teste Ivy Mike (como ficou conhecido) poderia ter falhado, atrasando a corrida armamentista durante a Guerra Fria.

Cientista que criou a bomba termonuclear se arrependeu

“Se eu pudesse acenar uma varinha mágica, eu faria”, disse Garwin ao The New York Times em 2001.

Garwin não se arrependeu de resolver o problema científico, mas lamentou o fato de as armas nucleares terem se tornado uma ameaça permanente. “Se não fosse eu, outro teria resolvido aquele problema. Mas, uma vez que você sabe o que essas armas podem fazer, ignorar os riscos é imoral”, afirmou.

Anos depois de desenvolver a bomba termonuclear, o cientista passou a dedicar-se ao ativismo antinuclear. Ele foi um dos principais defensores do controle de armas, trabalhando em tratados como o SALT e pressionando por limites em testes de explosivos.

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Garwin foi conselheiro científico de diversos presidentes dos EUA, de Dwight Eisenhower a Bill Clinton. Frequentemente, ele se posicionava contra projetos militares considerados ineficazes, como o sistema de defesa espacial proposto por Ronald Reagan, conhecido como “Guerra nas Estrelas”.

Defensor do conceito de destruição mútua assegurada, Garwin acreditava que o equilíbrio entre as potências nucleares era essencial para a paz. Em 2021, já aos 93 anos, ele assinou uma carta junto com outros cientistas, pedindo ao presidente Joe Biden que os EUA se comprometessem a não usar armas nucleares de forma preventiva. A proposta também sugeria que o presidente não tivesse autoridade exclusiva sobre o uso desses armamentos.



Fonte: Olhar Digital

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