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quarta-feira, 14 maio, 2025
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CPI das Bets: a cara de moça, o lucro da desgraça

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Na CPI das Bets, o teatro foi completo. Virginia Fonseca, a maior influenciadora digital do país, com 53 milhões de seguidores e uma fortuna milionária, entrou em cena como se tivesse 12 anos — literalmente. Óculos, moletom largado, cara de “não fui eu”. Mas foi.

Diante de parlamentares, fingiu não saber o que estava fazendo ao promover apostas on-line. Esqueceu que seu nome e rosto estavam atrelados a empresas que lucram com a perda de milhões de brasileiros — gente que aposta o que tem e o que não tem, achando que a sorte vai salvá-los do caos econômico.

Mais grave: há indícios de que ela recebia bônus sobre a perda dos apostadores. Ou seja: quanto mais as pessoas se endividam, mais ela lucra.

A cena seria cômica, se não fosse trágica. E os senadores, em vez de confrontá-la com firmeza, pediram selfie. Sim, no meio de uma CPI que deveria proteger o povo contra o vício institucionalizado, teve parlamentar tietando a investigada.

É isso que as bets fazem: normalizam o absurdo. Transformam o jogo em diversão, a propaganda em influência, o vício em “estratégia de marketing”. E quando alguém questiona, a resposta é sempre a mesma: “Se é tão ruim, por que o governo não proíbe?”

Talvez porque o lobby seja forte. Ou porque tem gente demais ganhando com o vício dos outros. Mas a verdade continua: jogo de azar é desgraça disfarçada de oportunidade.

Não podemos tratar como “polêmica de internet” o que é, na prática, uma epidemia social. E influenciadores que lucram com isso não são inocentes — são cúmplices.

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