Autoridades do setor mineral brasileiro querem utilizar a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA), para apresentar o potencial do Brasil na área de minerais críticos e estratégicos, atraindo investimentos internacionais para o setor.
A movimentação ocorre em meio a uma corrida global por minerais raros — insumos essenciais para a produção de baterias, semicondutores e tecnologias de ponta. No contexto da COP, esses minerais ganham ainda mais relevância por serem fundamentais para a transição energética.
Um dos argumentos que será levado à mesa pelas autoridades brasileiras, especialmente em conversas com países ocidentais, é a dominância da China nesse setor.
A própria Agência Internacional de Energia (IEA) alerta que o monopólio chinês na produção de baterias, que depende diretamente dos minerais estratégicos, representa riscos geopolíticos e para as cadeias de suprimentos.
A China detém mais de 80% da capacidade global de produção de células de bateria. Mais da metade do processamento mundial de lítio e cobalto também ocorre no país.
Reduzir o protagonismo de Pequim tem sido uma das prioridades da nova gestão de Donald Trump.
E quem desponta como principal interessado nos minerais brasileiros, hoje comprados majoritariamente pela China, são justamente os americanos. Atualmente, o mercado chinês responde por cerca de 70% das exportações do setor mineral do Brasil.
Diplomatas enviados por Trump visitaram o Brasil em abril com o objetivo de iniciar negociações sobre minerais raros e estratégicos.
Um dos possíveis entraves para as negociações, no entanto, é a ausência de uma regulamentação clara no Brasil sobre o tema.
Diante disso, o setor tem pressionado o Congresso a aprovar, antes da COP30, uma política nacional de minerais críticos e estratégicos. Um exemplo é o projeto de lei nº 2780/24, de autoria do deputado Zé Silva.
A aprovação seria um sinal importante de compromisso e ofereceria maior segurança jurídica aos investidores internacionais, na avaliação de representantes do setor ouvidos pela CNN.
Em abril, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) foi designado como relator da proposta na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados.
Embora o foco do setor esteja nas negociações e implicações econômicas, a diretora-executiva da COP, Ana Toni, conhecida por sua dedicação a pautas ambientais, já afirmou que a mineração é “essencial” para a transição energética.
Na quarta-feira (28), ela participou de um evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), com o intuito de debater o tema e reunir executivos e personalidades influentes do setor.
Fonte: CNN Brasil