Quem nunca assistiu a um filme em que alguém leva um choque e sai voando longe, como se tivesse sido atingido por uma explosão invisível? Essa imagem espetacular, bastante comum na ficção, gerou uma dúvida que muita gente ainda tem: choque elétrico arremessa para longe ou isso é só coisa de Hollywood?
Embora cenas de filmes nos façam pensar que uma descarga elétrica funciona como um empurrão violento, a realidade é um pouco diferente – e, em certos aspectos, ainda mais perigosa.
Neste texto, vamos entender o que realmente acontece com o corpo humano ao sofrer um choque elétrico, o que a ciência diz sobre o impacto físico da corrente e por que, na maioria das vezes, somos nós mesmos que nos jogamos para longe, e não a eletricidade em si.
O que o cinema mostra – e o que a física diz

Em muitas produções cinematográficas, o personagem encosta em um fio desencapado ou equipamento energizado e, imediatamente, é lançado a vários metros de distância.
Embora essas cenas sejam visualmente dramáticas, elas não representam fielmente o que ocorre em um choque real. A eletricidade não exerce força física suficiente para arremessar o corpo humano como mostrado em filmes.
O que acontece, na verdade, são contrações musculares intensas e involuntárias causadas pela passagem da corrente elétrica, que podem sim resultar em movimentos bruscos ou até quedas violentas – mas isso parte do próprio corpo, não de um “empurrão elétrico”.
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Afinal, o choque elétrico arremessa para longe?

A resposta curta é: não da forma que o cinema mostra. Quando falamos em “choque elétrico arremessa para longe”, o mais comum é que a pessoa seja repelida por uma reação muscular involuntária – como um espasmo rápido e intenso – ou por um movimento de defesa instintivo.
Choques com correntes entre 10 e 100 miliampères podem provocar fortes contrações musculares, dificultando até a liberação do objeto eletrificado. Em alguns casos, essas contrações podem causar desequilíbrio ou lançamento do corpo a uma curta distância, especialmente se o ambiente for escorregadio, ou se a vítima estiver em uma posição instável.
Quando pode parecer que um choque nos “joga” para longe?

Existem contextos em que o impacto de um choque parece um verdadeiro arremesso, mas isso tem a ver com a resposta do corpo, não com a força da eletricidade em si.
A liberação instantânea de adrenalina, a contração brusca dos músculos ou a tentativa desesperada de se afastar do ponto de contato podem resultar em movimentos abruptos. Em casos graves, como quando a pessoa está sobre uma escada ou em altura, o choque pode provocar uma queda, aumentando a sensação de que ela foi “jogada”.
Em um artigo da National Center for Biotechnology Information (NCBI), os autores reforçam que o deslocamento corporal após um choque é resultado da força muscular, muitas vezes descontrolada, e não de uma explosão elétrica real.
Isso explica por que, mesmo em choques de alta tensão, o corpo pode permanecer preso à fonte (o que é ainda mais perigoso) se os músculos se contraírem e não permitirem soltura.
E se for um raio? Pode jogar alguém longe?

Choques provocados por raios são uma exceção extrema. A descarga elétrica natural de um raio pode carregar até 30 mil amperes, e nesses casos, o impacto térmico e acústico pode sim lançar a vítima a certa distância, não apenas pela eletricidade, mas pela onda de choque gerada.
No entanto, estamos falando de um fenômeno muito específico e raro, diferente de choques em cercas elétricas, fios domésticos ou equipamentos comuns.
A ideia de que um choque elétrico arremessa para longe é um mito parcialmente sustentado por movimentos involuntários do corpo e pela forma como nosso cérebro interpreta uma ameaça extrema.
A energia elétrica em si não empurra como se fosse uma força física externa – mas pode causar contrações tão violentas que provocam desequilíbrios, quedas e, sim, até lesões à distância do ponto inicial de contato.
Portanto, da próxima vez que você ver alguém sendo “lançado” por um choque em um filme, lembre-se: é muito mais Hollywood do que realidade. Mas não se engane – os perigos do choque elétrico continuam sendo reais e merecem toda atenção e cuidado, mesmo quando não envolvem voos cinematográficos.
Fonte: Olhar Digital