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quarta-feira, 14 maio, 2025
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Brasileira ganha o Prêmio Mundial de Alimentação de 2025 – CartaCapital

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A engenheira agrônoma e microbiologista brasileira Mariangela Hungria foi laureada com o Prêmio Mundial da Alimentação de 2025 nesta terça-feira 14, informou a fundação americana que organiza a premiação conhecida como o “Nobel da Agricultura”.

Hungria é pesquisadora há mais de 40 anos na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. Sua pesquisa deu origem a novos modelos de tratamento do solo que permitem às plantas obterem nutrientes por meio de bactérias – uma alternativa ao uso de fertilizantes químicos .

A World Food Prize Foundation, que distribui o prêmio desde 1987, estima que produtos derivados da pesquisa de Hungria tenham sido usados em mais de 40 milhões de hectares de plantações no Brasil “economizando aos agricultores até 40 bilhões de dólares (225 bilhões de reais) por ano em custos de insumos e evitando mais de 180 milhões de toneladas métricas de emissões equivalentes de CO2 por ano”.

A organização destaca que o Brasil aumentou sua produção de soja de cerca de 15 milhões de toneladas na década de 1980 para mais de 170 milhões de toneladas durante a carreira de Hungria na Embrapa, tornando o País o maior produtor e exportador mundial da commodity.

“A jornada da Dra. Hungria mostra que ela é uma cientista de grande perseverança e visão – características que ela compartilha com o Dr. Norman Borlaug, de Iowa, fundador do Prêmio Mundial da Alimentação e pai da Revolução Verde”, disse a governadora do estado americano de Iowa, Kim Reynolds, que acompanhou a premiação.

“Como pioneira industrial e mãe, a Dra. Hungria também serve como um exemplo inspirador para mulheres pesquisadoras que buscam incorporar ambos os papéis. Suas descobertas e desenvolvimentos levaram o Brasil a se tornar um celeiro global.” O prêmio é concedido a indivíduos que realizam feitos excepcionais na promoção da segurança alimentar.

Soluções biológicas como alternativa aos produtos químicos

Hungria foi uma das primeiras defensoras da fixação biológica de nitrogênio, o processo no qual as culturas formam uma associação mutuamente benéfica com as bactérias do solo que fornecem o nutriente, apontou a fundação.

No início de sua carreira, havia muito pouca pesquisa sobre microbiologia como solução para a fertilidade do solo. “Sempre me interessei em viabilizar o uso de materiais biológicos na agricultura comercial”, disse Hungria à Reuters. Segundo ela, a dependência de fertilizantes químicos para distribuir nitrogênio às plantas tornava o Brasil altamente dependente de produtos importados.

Hungria, então, isolou cepas de uma bactéria do solo chamada rhizobium e desenvolveu uma forma de inoculá-las nas sementes de soja usadas no Brasil. As cepas ajudaram as plantas de soja a absorver mais nitrogênio do solo, impulsionando seu crescimento.

Hungria também desenvolveu outras soluções biológicas, incluindo o uso de cepas da bactéria Azospirillum brasilense para aumentar o tamanho das raízes em culturas como o milho, permitindo que as plantas alcancem camadas mais profundas em busca de umidade ou nutrientes.

Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Hungria agora aplica sua pesquisa na restauração de pastagens degradadas. Ela desenvolveu um inoculante para pastagens de grama capaz de aumentar em 22% a biomassa e possibilitando uma alimentação mais abundante e nutritiva para o gado.

“Substituir o uso de produtos químicos por produtos biológicos na agricultura tem sido a luta da minha vida. Tenho muito orgulho de contribuir para a produção de alimentos e, ao mesmo tempo, diminuir o impacto ambiental”, disse ela à fundação.

A pesquisadora compõe desde 2020 uma lista dos “melhores cientistas agrícolas” organizada pela Universidade de Stanford e recebeu a maior honraria do Brasil em agricultura, o prêmio Frederico de Menezes Veiga.

O prêmio é acompanhado de uma recompensa de 500 mil dólares (2,8 milhões de reais).



Por:Carta Capital

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