A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou nesta sexta-feira 23 um novo pedido ao Supremo Tribunal Federal para adiar as audiências de testemunhas no âmbito da ação do golpe.
Em recurso enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, os advogados alegam que ainda não conseguiram acessar integralmente o material reunido pela Polícia Federal, que ultrapassa 40 terabytes de dados.
Segundo os advogados Celso Sanchez Vilardi, Daniel Bettamio Tesser e Paulo da Cunha Bueno, o volume de arquivos enviados pela PF à defesa só começou a ser disponibilizado em 14 de maio, poucos dias antes do início das audiências, em 19 de maio.
Eles afirmam que o acesso ao conteúdo tem sido prejudicado por dificuldades técnicas, como a ausência de senhas e links, além da dificuldade em localizar documentos específicos entre “milhares de arquivos” distribuídos em 96 pastas.
“Apenas para baixar o material são necessários muitos dias”, diz a petição. “Não se trata de mera burocracia, mas de uma realidade prática que impede a defesa de exercer plenamente o contraditório.”
A defesa sustenta que a instrução do processo – que deve ser concluída até 2 de junho – está ocorrendo sem que a equipe tenha tido tempo hábil para examinar o conteúdo das provas. “A mensagem recortada precisa ser contextualizada”, argumentam.
Desde o começo da oitiva das testemunhas a defesa do ex-capitão tem tentado atrasar os depoimentos. Os recursos protocolados anteriormente seguiam o mesmo argumento da ação desta sexta – a suposta falta de tempo para analisar todas as provas coletadas no processo.
Moraes, entretanto, vem barrando as manobras por entender que as novas provas não representaram mudança em relação à denúncia da Procuradoria-Geral da República.
O ex-presidente se tornou réu em março deste ano, acusado dos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Por:Carta Capital