As obras na exposição aberta ao público dialoga com a cultura e o passado do Estado (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
31 de março de 2025
Jadson Lima – Da Cenarium
MANAUS (AM) – Visitantes que foram à Mostra Bienal das Amazônias, realizada em Manaus desde a última quarta-feira, 26, classificaram o evento como inspirador, surpreendente e impulsionador da cultura local. A exposição intitulada “Bubuia: águas como fonte de imaginações e desejos”, que ficará em Manaus até o dia 30 de maio, reúne obras de 13 artistas, entre eles sete indígenas, e estão expostas na Galeria do Largo e na Casa das Artes, no Largo São Sebastião, região central de Manaus.

As obras na exposição aberta ao público, em horário de 15h às 20h, dialoga com a cultura e o passado do Estado, e são assinadas por artistas como Keila Sankofa, Uyra Sodoma, Manauara Clandestina, Sãnipã, Duhigo Tucano, Iwiri-ki, Lili Baniwa, Denilson Baniwa e Paulo Desana, de diversas etnias. A itinerância na capital amazonense também conta com uma programação diversificada, incluindo workshops e rodas de conversa.
À CENARIUM, um dos visitantes no local, o turista e professor aposentado Fernando Costa, de 60 anos, afirmou que o tema o surpreendeu, por causa das mudanças climáticas. Natural do Estado de Pernambuco, ele mora na Bahia há mais de 40 anos. Em visita a Manaus, o professor esteve na exposição e destacou a importância de eventos como esse para impulsionar a arte dos povos originários, que devem deixar de lado o papel de coadjuvantes e assumir o protagonismo.

“Para mim surpreendeu o tema, porque como nós estamos passando por um momento complicado em termos de águas, sempre é um despertar a mais o ser humano. Essa é uma oportunidade dos povos indígenas ter uma visualização maior na sociedade. Tem que impulsionar e tem que ter mais, é necessário para um despertar para a população e ao mesmo tempo eles valorizarem a arte indígena”, disse Costa.
O estudante de Biomedicina e artista independente Dennys Maricaua também conversou com a reportagem para esta matéria. Ele estava acompanhado de vários amigos, também estudantes, que visitaram os dois espaços onde está sendo realizada a exposição. O jovem de 18 anos destacou que a Mostra dá visibilidade à cultura local e serve para inspirá-lo por meio da arte. Ele disse sai do evento inspirado para a produção da sua arte independente.

“É um lugar que mostra muito da nossa cultura. Eu sou um artista independente, gosto muito de pegar inspiração de povos indígenas, da cultura do povo caboclo. Quando eu vejo exposições, me dá ideia para fazer os meus desenhos. Quando eu entrei na Casa das Artes, me deu mais uma inspiração, que mostram também um pouco da nossa cultura que me inspirou e eu acho que quando chegar em casa vou fazer um desenho”, declarou Maricaua.
A estudante Jeniffer Ayla destacou a sua paixão por museus e exposições ligadas à artistas do Amazonas, e disse que ficou “maravilhada” com as obras expostas ao público, que buscam impulsionar a cultura do Estado. Para ela, esses eventos ajudam a mostrar a arte local por causa da pouca visibilidade dos artistas locais.

“Eu gosto muito de visitar museus. Eu adoro e tenho uma paixão enorme por museus e sempre que eu posso estou visitando e vendo as novas exposições. Já fui na Galeria do Largo e vi que estava tendo uma exposição e a moça me informou sobre a continuidade da Mostra aqui na Casa das Artes. Eu vim e me maravilhei com essas artes, porque elas impulsionam a mostrar um pouco mais a nossa cultura para pessoas tanto daqui quanto de outros lugares que vêm visitar“, declarou.
Antes de Manaus, a Bienal das Amazônias percorreu diversas cidades, incluindo Marabá e Canaã dos Carajás (PA), São Luís (MA), Boa Vista (RR), Macapá (AP), Medellín (Colômbia) e Bogotá (Colômbia). Após passagem pela capital amazonense, a exposição itinerante seguirá ampliando as fronteiras da arte amazônica, levando a produção local a novos públicos e contextos, e reforçando o protagonismo da Amazônia no cenário artístico global.
A 1ª Bienal das Amazônias é realizada por meio da Lei de Incentivo Federal à Cultura Rouanet, com patrocínio do Instituto Cultural Vale. O projeto tem a realização da Bienal das Amazônias, Apneia Cultural, Sinapses Produção Contemporânea, Ministério da Cultura e governo federal e conta com a parceria da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC).
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Editado por Izaías Godinho
Fonte: Agência Cenarium