Nesta segunda-feira (05), completou um ano desde o assassinato do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira na região de Atalaia do Norte, no estado do Amazonas. O crime chocou o Brasil e teve repercussão internacional, despertando a atenção para os desafios e perigos enfrentados por aqueles que lutam pela preservação da Amazônia e pelos direitos dos povos indígenas. O caso, marcado por mistério e tragédia, revelou as dificuldades e os riscos enfrentados por defensores do meio ambiente e da causa indígena na região.
O jornalista inglês Dom Phillips chegou a Atalaia do Norte, no Amazonas, para entrevistar lideranças indígenas e ribeirinhos. Ele viajava com o indigenista Bruno Araújo Pereira. Bruno, um renomado indigenista, havia se licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai) devido à insatisfação com a política indigenista do governo. A dupla partiu em uma lancha a motor da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) para entrevistar equipes de vigilância indígena na região.
No entanto, Bruno e Dom desapareceram após serem vistos navegando próximo à comunidade São Gabriel. As equipes da Univaja iniciaram as buscas, e o desaparecimento chamou a atenção da imprensa internacional. A Funai afirmou que a dupla entrou no território indígena sem autorização, enquanto a Univaja respondeu que Bruno estava em missão própria de apoio às equipes indígenas. A polícia indiciou Marcelo Xavier e Alcir Amaral Teixeira, ex-diretores da Funai, por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. As buscas continuaram, e Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, foi detido após peritos encontrarem vestígios de sangue em seu barco. Pelado admitiu participação nos assassinatos e levou a polícia ao local onde os corpos estavam enterrados. Seu irmão, Oseney da Costa de Oliveira, também foi preso, e um mandado de prisão foi emitido para Jefferson da Silva Lima. Vestígios humanos foram encontrados, confirmando que pertenciam a Bruno e Dom.
A Câmara dos Deputados aprovou a criação de uma comissão parlamentar externa para investigar o caso, enquanto críticas ao governo federal foram feitas pela demora em iniciar as buscas. Outros suspeitos foram detidos, incluindo o colombiano Ruben Dario da Silva Villar, apontado como suposto mandante dos assassinatos. Em outubro, ele foi autorizado a deixar a prisão mediante pagamento de fiança, mas foi preso novamente em dezembro por descumprir as condições impostas pela Justiça.
Em julho, o Ministério Público Federal denunciou Amarildo, Jefferson e Oseney por homicídio e ocultação de cadáveres. Os procuradores alegaram que os dois primeiros confessaram os crimes. O caso atraiu grande repercussão, levantando questões sobre a violência e os perigos enfrentados por ativistas e jornalistas na região amazônica, além de colocar em evidência os desafios enfrentados pela proteção dos povos indígenas e seus territórios.