O trágico caso de Jean Charles de Menezes, eletricista brasileiro executado por engano pela polícia britânica em 2005, ganha uma abordagem dramática na nova minissérie do Disney+.
A produção promete reacender o debate sobre o uso excessivo da força policial e a responsabilização do Estado em tragédias com repercussão internacional.
Sinopse de Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto Por Engano
A minissérie britânica “Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto Por Engano”, narra os acontecimentos que levaram à morte trágica de Jean Charles de Menezes, eletricista brasileiro confundido com um terrorista pela polícia britânica em 2005. A produção tem quatro episódios e estreia no dia 30 de abril de 2025, exclusivamente na plataforma.
Com roteiro e produção executiva de Jeff Pope (Philomena, Stan & Ollie), a obra adota múltiplos pontos de vista (incluindo o da polícia, da família e de investigadores) para mostrar como memória, erro humano e decisões políticas moldaram o caso.

A trama se passa logo após os atentados terroristas de 7 de julho de 2005, quando a cidade de Londres enfrentava tensão máxima. Após uma tentativa fracassada de novo ataque, inicia-se uma operação de vigilância que leva a um erro fatal: Jean Charles é confundido com um dos suspeitos e morto a tiros dentro de um vagão de metrô. A série também acompanha os bastidores da revelação do erro por parte de uma funcionária da Comissão Independente de Reclamações Policiais e a batalha da família por justiça.
A família de Jean Charles atuou como consultora durante a produção, garantindo uma abordagem respeitosa e fiel aos fatos.
Elenco da série
Edison Alcaide interpreta Jean Charles, enquanto o elenco também conta com Emily Mortimer (Cressida Dick), Conleth Hill (Sir Ian Blair), Max Beesley (Andy Hayman), Russell Tovey (Brian Paddick) e Laura Aikman (Lana Vandenberghe).
Jean Charles de Menezes nasceu em Gonzaga, Minas Gerais, em 7 de janeiro de 1978. Filho de uma família simples, ele demonstrou talento para a eletrônica desde cedo e, aos 14 anos, mudou-se para São Paulo para estudar.
Em 2002, viajou ao Reino Unido com visto estudantil e decidiu permanecer em Londres, onde trabalhava como eletricista e morava com dois primos.

Em 22 de julho de 2005, duas semanas após os atentados terroristas que mataram 52 pessoas no transporte público londrino, agentes da Polícia Metropolitana confundiram Jean com o terrorista Hussain Osman e o executaram a tiros na estação de Stockwell.
Eles dispararam sete tiros em sua cabeça e um no ombro, à queima-roupa, enquanto atuavam sob a diretriz da Operação Kratos – um protocolo antiterrorismo que autorizava o uso de força letal sem aviso prévio.

Inicialmente as autoridades alegaram que Jean fugiu da abordagem policial. Entretanto, as investigações e as imagens das câmeras de segurança mostraram que ele entrou calmamente na estação, desmentindo a versão oficial. Dias depois, a Scotland Yard reconheceu o erro, mas a Justiça não responsabilizou os policiais envolvidos.
Leia mais:
O que aconteceu depois?
A morte de Jean Charles causou indignação mundial. No Brasil, o governo se declarou “chocado e perplexo” e exigiu explicações. No Reino Unido, manifestações públicas e reportagens da mídia britânica e internacional cobraram justiça.

As autoridades conduziram duas investigações: uma decidiu não processar os policiais, enquanto a outra criticou falhas na comunicação e no comando da operação. A promotoria britânica processou a Polícia Metropolitana, e a Justiça condenou a corporação a pagar uma multa de £ 175 mil por negligência.
O governo britânico indenizou a família Menezes em £ 100 mil, valor considerado baixo em comparação a outros casos julgados na mesma época.
A decisão de não processar os agentes foi mantida até no Tribunal Europeu de Direitos Humanos, o que gerou ainda mais revolta. A polícia admitiu o erro, mas nenhuma punição direta foi aplicada aos envolvidos.
Em 2010, inauguraram um memorial em sua homenagem na estação de Stockwell.
Jean Charles no cinema e na música

Além da nova minissérie do Disney+, a história de Jean Charles chegou ao cinema em “Jean Charles” (2009), com direção de Henrique Goldman e Selton Mello no papel principal. O filme está disponível na Netflix.
A dupla britânica Pet Shop Boys também prestou homenagem ao brasileiro com a música “We’re All Criminals Now”, lançada como parte do single “Love Etc.” (2009), do álbum “Yes”. A canção faz referência direta ao caso e critica a brutalidade policial e os excessos de medidas antiterrorismo.
Fonte: Olhar Digital