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quinta-feira, 8 maio, 2025
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Após elevar Selic a 14,75%, Copom projeta ‘cautela adicional’ na reunião de junho – CartaCapital

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O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira 7, promover mais um aumento na taxa básica de juros. Com isso, a Selic saltou de 14,25% para 14,75% ao ano. O mercado financeiro já esperava a elevação de meio ponto percentual.

Ao contrário do que ocorreu nos últimos encontros, porém, os diretores optaram por não antecipar a tendência para a próxima reunião, marcada para 17 e 18 de junho.

“O cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, diz o comunicado do BC.

O Copom acrescentou que permanecerá “vigilante” e que “a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação”.

“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta.”

A sexta alta seguida ocorreu na terceira reunião do colegiado sob o comando de Gabriel Galípolo, sucessor de Roberto Campos Neto.

A 14,75%, a nova Selic é a maior desde julho de 2006, no primeiro mandato do presidente Lula (PT) — naquele momento, a taxa básica estava em 15,25% ao ano.

Com a nova disparada, o Brasil tem a quarta maior taxa real de juros no mundo, segundo um monitoramento das consultorias MoneYou e Lev Intelligence.

Para calcular o índice real, leva-se em conta a taxa de juros “a mercado” — ou seja, um referencial do que seriam juros tomados em uma operação real — e a inflação projetada para os 12 meses consecutivos.

O Brasil ostenta agora uma taxa real de 8,65%. A Turquia lidera o ranking, com 10,47%, seguida pela Rússia, com 9,17%.

Completam o top 10 África do Sul (6,61%), Colômbia (4,68%), México (4,43%), Indonésia (4,15%), Argentina (3,92%), Índia (2,66%) e Filipinas (2,34%).

Ao justificar a decisão desta quarta, o Copom afirmou que o ambiente externo segue adverso e incerto, especialmente devido à conjuntura e à política econômica nos Estados Unidos, em meio à guerra comercial deflagrada por Donald Trump.

No front doméstico, diz o comitê, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda apresenta dinamismo, mas com “uma incipiente moderação no crescimento”.

“Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação”, emendou o órgão.

Segundo o Boletim Focus da última segunda-feira 5, elaborado pelo BC após ouvir instituições financeiras, a estimativa de inflação para 2025 recuou de 5,55% para 5,53%. A meta é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%).

Dos nove integrantes do Copom, há sete nomeados por Lula e dois por Jair Bolsonaro (PL). Veja a relação:

  • Renato Dias de Brito Gomes (nomeado por Bolsonaro);
  • Diogo Abry Guillen (nomeado por Bolsonaro);
  • Nilton David (nomeado por Lula);
  • Ailton Aquino (nomeado por Lula);
  • Paulo Picchetti (nomeado por Lula);
  • Rodrigo Teixeira (nomeado por Lula);
  • Izabela Correa (nomeada por Lula);
  • Gilneu Vivan (nomeado por Lula); e
  • Gabriel Galípolo (nomeado por Lula).

Em tese, quando o Copom decide aumentar a Selic, busca desaquecer a demanda: os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, razão pela qual taxas elevadas também dificultam a expansão da economia.

Ao reduzir a taxa, por outro lado, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Veja as datas das próximas reuniões do Copom:

  • 17 e 18 de junho;
  • 29 e 30 de julho;
  • 16 e 17 de setembro;
  • 4 e 5 de novembro; e
  • 9 e 10 de dezembro.

Confira os resultados de todos os encontros do Copom desde o ano passado:

  • janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
  • março: de 11,25% para 10,75%;
  • maio: de 10,75% para 10,50%;
  • junho: manutenção em 10,50%;
  • julho: manutenção em 10,50%;
  • setembro: de 10,50% para 10,75%;
  • novembro: de 10,75% para 11,25%;
  • dezembro: de 11,25% para 12,25%;
  • janeiro de 2025: de 12,25% para 13,25%; e
  • março de 2025: de 13,25% para 14,25%.



Por:Carta Capital

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