Roraima, Mato Grosso e Pará lideram desmatamento na Amazônia Legal (Composição: Luiz Paulo Dutra/Cenarium)
29 de março de 2025
Ana Pastana – Da Cenarium
MANAUS (AM) – A Amazônia Legal registrou um crescimento no desmatamento de 119 quilômetros quadrados (km²), em fevereiro deste ano, um tamanho equivalente a 425 campos de futebol. É o que apontam os dados divulgados pelo calendário do desmatamento, divulgado na quinta-feira, 27, pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon.
Os Estados mais afetados são Roraima (37%), Mato Grosso (34%) e Pará (11%), que, juntos, somam 82% de toda a destruição detectada na Amazônia Legal no mês de fevereiro de 2025. Os indicadores apontam que o número representa uma alta de 2% em comparação com o mesmo intervalo do ano passado, sendo a quinta maior área devastada da série histórica para o mês. Além disso, cinco dos dez municípios que mais desmataram estão no Estado de Mato Grosso, quatro em Roraima e um no Amazonas.
Os dados levantam preocupação em relação às medidas e ao monitoramento para conter os avanços do desmatamento antes da chegada dos meses de seca, registrada geralmente no início de maio ou junho.
“Não seria bom para o Brasil fechar este calendário com números em alta em um ano tão decisivo como o da COP30. O governo e os órgãos de fiscalização precisam agir agora para reverter essa tendência e demonstrar ao mundo um compromisso real com a preservação da Amazônia”, diz Carlos Souza Jr., coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.

A Amazônia registrou um crescimento na degradação florestal ocasionada por queimadas e extração de madeira, que afetaram 33.807 km². O número é quase o equivalente ao território de Porto Velho, a maior capital brasileira, e seis vezes superior ao período anterior, quando a atividade refletiu 5.805 km².
Já em fevereiro, a degradação impactou 211 km² na Amazônia, representando uma alta de aproximadamente 15 vezes em relação ao mesmo intervalo de 2024. O dado é o maior registrado para o mês na série histórica. Entre os Estados, Pará e Maranhão foram os que se destacaram, responsáveis por 89% do impacto para o mês, com 75% ocorrendo no Pará e 14% no Maranhão. Os municípios mais afetados também estão neles, sendo sete no Pará e dois no Maranhão.
Para o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lucas Ferrante, a área degradada não volta mais a ser reflorestada ou recuperada. Ferrante também reforça que cada região tem uma causa de devastação diferente.
“Biodiversidade, uma vez perdida, perde serviços ecossistêmicos fundamentais. Agora nós temos monitorado as causas desse desmatamento porque para cada lugar, é uma causa específica. As queimadas estão aumentando, porque as pessoas estão evitando desmatar e decidiram colocar fogo direto nas áreas, porque isso é menos difícil de ser responsabilizado. Esse aumento de desmatamento é extremamente preocupante, é algo que a Amazônia não está importando“, pontua.

O pesquisador afirma também que a capital amazonense corre risco de extinção nos próximos anos em decorrência de eventos climáticos que afetam Manaus.
“Nós já temos a crise climática afetando Manaus em proporções fora de escala, né?! Aumento de inundações, deslizamentos, isso vai se agravar ainda mais para Manaus. Manaus tem chance de ser extinta nos próximos anos por eventos climáticos catastróficos, isso é importante ser pontuado, ondas de calor letal que podem varrer a cidade. E isso está relacionado a esse desmatamento. O Brasil é o quarto maior desmatador de carbono do mundo por conta de desmatamento e a gente nem está computando queimadas, ou seja, o Brasil precisa adotar medidas para reduzir esses eventos climáticos“, disse.
Em fevereiro de 2025, o SAD detectou 119 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 2% em relação a fevereiro de 2024, quando o desmatamento somou 117 quilômetros quadrados. O desmatamento detectado em fevereiro de 2025 ocorreu em Roraima (37%), Mato Grosso (34%), Pará (11%), Amazonas (7%), Rondônia (3%), Maranhão (3%), Tocantins (3%) e Acre (2%).

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Fonte: Agência Cenarium